Relatório antidoping recomenda expulsão da Rússia dos Jogos do Rio

Atletismo da Rússia está em risco para 2016 / Foto: Getty Images

Rio de Janeiro – O escândalo de doping denunciado pela imprensa alemã no fim do ano passado teve repercussões ainda mais chocantes nesta segunda-feira. Relatório divulgado pela comissão independente criada pela Wada (Agência Mundial Antidoping) para investigar o caso recomendou que a Rússia seja suspensa pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF) dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.
 
A suspensão foi recomendada apenas para o atletismo e englobaria todas as competições oficiais da modalidade até os Jogos. Nas 325 páginas do relatório apresentado em Genebra, na Suiça, o governo russo é diretamente acusado de ser cúmplice dos casos de doping, tendo encobertado diversos atletas.
 
Encabeçada pelo ex-presidente da Wada, Richard Pound e Richard Pound, que é árbitro da Corte Arbitral do Esporte (CAS), a comissão sugere ainda a expulsão definitiva de cinco atletas russos e cinco treinadores do esporte. Mariya Savinova, campeã olímpica dos 800m em Londres 2012, Ekaterina Poistogova, bronze na mesma prova, Anastasiya Bazdyreva, Kristina Ugarova e Tatjana Myazina são as atletas presentes no relatório.
 
A crise do doping é pior do que se imaginava, segundo McLaren. Para se ter ideia, de acordo com o relatório, agentes do serviço secreto da Rússia, o FSB, estariam infiltrados no trabalho antidoping dos Jogos Olímpicos de Sochi, no ano passado.
 
“A imparcialidade, o julgamento e a integridade foram comprometidos pela vigilância do FSB, dentro do laboratório”, traz o relatório, que ainda aponta o ministro de Esportes russos, Vitaly Mutko, como responsável por ordens diretas para que os resultados de amostras individuais fossem manipuladas. Médicos e treinadores também estariam envolvidos no acobertamento.
 
O relatório aponta que 1.417 amostras de controle de doping de diversas modalidades foram destruídas em dezembro de 2014, impedindo assim possível reavaliação das amostras em investigações futuras.
 
“É um problema sério. É algo que não atinge apenas o atletismo, mas também todos os esportes. A credibilidade do esporte tem dado alguns golpes graves ao longo dos últimos meses. O difícil para todos nós é que ele não para por aí. A opinião pública vai acreditar que todo o esporte é corrupto, se você não pode acreditar nos resultados. Há um grave problema de credibilidade. Esperamos que todas as confederações comecem a prestar mais atenção nas regras antidoping, porque a sua existência pode estar em risco”, afirma Pound.
 
As amostras eram destruídas após o pagamento em dinheiro, conforme defende o relatório. O problema, por mais que tenha apontado apenas para o atletismo da Rússia, também se abrangeria a outros países, como o Quênia, segundo o relator membro da CAS.
 
O documento agora será enviado para a IAAF, que deverá se reunir na semana seguinte para tratar do assunto. Sebastian Coe, presidente da entidade, já garantiu pressa no caso. “As informações no relatório são alarmantes. Precisamos de tempo para digerir e compreender adequadamente os resultados detalhados. No entanto, eu pedi para que o conselho iniciasse urgentemente o processo de considerar as questões contra Araf [Associação Internacional de Federações de Atletismo]. Este passo não foi tomado de ânimo leve”, descreve.
 
“Nossos atletas, parceiros e fãs têm toda a minha garantia de que, quando houver falhas em nossa governança ou os nossos programas antidoping, vamos corrigi-los. Faremos o que for preciso para proteger os atletas limpos e reconstruir a confiança no nosso esporte. A IAAF vai continuar oferecendo às autoridades policiais nossa total cooperação em sua investigação em curso”, garantiu Coe.
 
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