Brazil Run Series deixa legado social e belas histórias em Fortaleza

Ceará - A 100ª corrida do Brazil Run Series/Circuito de Corridas CAIXA reafirmou a capital cearense como cidade-sede de uma das provas preferidas em todo o Brasil. Realizada no domingo (2), teve direito a festa da elite nacional e novo recorde de público, com 4.850 amadores. Os atletas soteropolitanos também mostraram seu lado mais solidário com a doação de tênis para jovens carentes, ajudando a revelar belas histórias de superação e envolvimento com a comunidade, e reforçando o legado social da competição.

A ONG Moradia e Cidadania foi a entidade beneficiada pela arrecadação dos tênis da "Pegadas do Bem". Acompanhado por uma dezena de crianças do projeto, o professor Marcos Prado foi ao pódio receber do medalhista olímpico Cláudio Roberto de Souza os calçados doados. Cláudio, padrinho da prova em Fortaleza, lembrou ter começado no atletismo, em Teresinha, no Piauí, correndo com um tênis doado. 

 

"Por isso, valorizo este projeto da HT Sports criado no ano passado. Na etapa de São Paulo, em 2014, meu projeto social, em Jaú, no interior do Estado, foi beneficiado e recebi 80 pares de tênis, que estão nos ajudando com as crianças que atendemos", explicou um dos "Heróis Olímpicos" do Brasil.

 

O professor Marcos Prado agradeceu o apoio e falou sobre o trabalho desenvolvido em dois bairros de Fortaleza. "A ONG Moradia e Cidadania atende cerca de 60 crianças e adolescentes da cidade, com o objetivo de tirá-los da rua e integrá-los à atividade esportiva, tentando extrair o melhor de cada um. Utilizamos o atletismo e o futebol como ferramenta e também procuramos apoiar suas famílias", explicou Marcos Prado.

 

Por coincidência, uma das adolescentes que foi para o pódio receber os tênis foi chamada novamente, desta vez para uma premiação especial. Ana Beatriz Amaral, de 13 anos, foi a vencedora de sua faixa etária nos 5 km. Desceu do pódio feliz com a medalha e confirmou algumas das informações do professor Prado. "Treino três vezes por semana futebol e corrida, mas eu gosto mesmo é da corrida. Quero ser uma atleta profissional", contou a sorridente garota, ao lado dos amigos. 

 

Superação

No mar de corredores anônimos deste domingo, um deles chamava a atenção por ser muito rápido e correr cercado de amigos. Era o cearense de Fortaleza Francisco Leone, de 31 anos, que disputou os 5 km sem a perna esquerda, amparado por muletas. 

 

"Esta é minha 12ª corrida de rua e quarta do Circuito CAIXA. Sofri um acidente de moto em 2012 que acabou mudando minha vida. Eu era sedentário e na reabilitação comecei a praticar natação e hoje faço paratriathlon. Meu objetivo é conseguir uma prótese, importada da Alemanha e que custa 40 mil reais. Estou perto de alcançar o montante pelo apoio de um patrocinador, de uma clínica da cidade e do governo do Ceará. Com a prótese, vou me tornar um paratleta de triathlon competitivo e quero disputar a Paralímpiada de 2020", afirmou Francisco, saudado por vários corredores logo após a chegada. "Nas corridas, sinto o carinho das pessoas e sei que também motivo muita gente a continuar competindo. Muitos falam: se você está correndo com esta dificuldade, eu não posso desistir", acrescentou. 

 

Assessoria premiada

O bosque do Marina Park Hotel, local da largada e chegada da etapa cearense foi tomado logo cedo por cerca de 40 tendas de assessorias esportivas, confirmando o sucesso da corrida de rua no estado. Entre estas assessorias, destacou-se a FIEC (Federação das Indústrias do Estado do Ceará e que reúne SESI, Senai e IEL), premiada como a mais numerosa, com 241 corredores nos 5 km e 10 km. Segundo a gerente de qualidade do SESI, Kassandra Morais, 120 atletas da equipe participaram da edição do ano passado, e o número dobrou em função da maior procura dos associados pela corrida.