Após perder visão na guerra, ele sonha com 3 ouros olímpicos

Brad Snyder / Foto: Getty Images

Rio de Janeiro – Ao perder a visão enquanto lutava pelo seu país na Guerra do Afeganistão, em 2011, pisando em uma mina, o norte-americano Brad Snyder acabou encontrando refúgio no esporte, especificamente na natação, seu esporte preferido quando criança. 
 
Bastou apenas um ano após o acidente para, em Londres 2012, ele se tornar campeão olímpico. Agora, na Rio 2016, ele espera ir ainda mais longe e conquistar três medalhas de ouro nos Jogos Paraolímpicos, em setembro.
 
“Uma mina explodiu sob mim. Quando fui atingido, em meio àquele vai e vem de sensações, achei que estava morto. Lembro-me de estar caído ao chão e que era aquilo, era esperar pelo que vinha depois. O que me manteve vivo foi uma quantidade enorme de drogas, que me deixaram louco, sem brincadeira, por um bom tempo. Quando finalmente tive noção da extensão, me avisaram que eu tinha duas notícias, uma boa e outra ruim”, conta Brad sobre o fato que mudou sua vida.
 
Ele continua: “A boa: seu cérebro, corpo e coração vão se curar. A ruim: você perdeu a visão”, lembra. 
 
“Hoje, sou 100% cego. Uso próteses no lugar dos olhos porque os perdi. Eles são falsos. E até por isso sou obrigado a usar óculos para que nada os atinja e me lesione. Houve momentos difíceis, mas surpreendentemente tirei daquilo um lado positivo. Me fez pensar que eu sabia o que precisava ser feito para me recuperar como humano”, continua o ex-combatente. 
 
Brad atribui ao esporte o seu retorno à vida plena. Para ele, graças à natação ele conseguiu ganhar confiança e uma sugestão de uma pessoa próxima da família o levou aos Jogos Paraolímpicos. 
 
“Tomei a decisão e, um ano depois, conquistei três medalhas na Paraolimpíada de Londres [dois ouros e uma prata]. A próxima etapa desse meu desafio são os Jogos Paraolímpicos do Rio. Pessoalmente, eu gostaria de ganhar a medalha de ouro que perdi em Londres e levar três ouros [nos 50 m, 100 m e 400 m da classe S11, para atletas com completa ou quase completa perda de visão]”, explica Brad. 
 
Ele se considera um nadador “bem melhor” hoje do que em Londres, quando havia perdido a visão há apenas um ano. No Rio, além do sonho das três medalhas de ouro, Brad espera aproveitar mais o clima olímpico e a cidade maravilhosa.
 
“Agora, nos Jogos do Rio, eu pretendo levar mais numa boa, desfrutar o máximo possível cada momento. A imagem que projeto do Rio é de calor, de uma cidade elétrica, na qual todos os atletas estarão superempolgados. Me imagino nadando para os tempos mais rápidos de minha vida, sem colidir com as raias – o que, acredite, é muito difícil para um nadador cego –, conquistando medalhas”, conclui o paratleta. 
 
 
 
 

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