Ativista cria “antisouvenirs”, com PM violenta e remoção de moradores

Itens confeccionados para criticar os Jogos / Foto: Reprodução / Twitter

Rio de Janeiro - “Esses aqui são os cartões postais. A gente tem com dois motivos. Um deles é o do apartheid, que são jovens negros sendo revistados em frente aos anéis olímpicos. E tem esse aqui que é uma foto da Vila Autódromo, uma comunidade removida forçadamente”, anuncia o ativista Rafael Puetter, responsável por criar uma loja de “antisouvenirs” críticos das Olimpíadas Rio 2016.
 
Em cerca de 24 horas, Rafucko, como é conhecido na internet, já obteve mais de 600 mil visualizações e quase 11 mil compartilhamentos no seu vídeo em que apresenta a loja. As críticas, porém, vieram a cavalo e algumas pessoas o ameaçaram até de morte.
 
"Aqui a reação tem sido muito boa. Estou aqui do lado para explicar e conversar. Na internet é que há outros tipos de retorno: tem gente falando que deseja que aconteça um monte de coisa ruim para eu precisar da polícia. Algo como 'Espero que você seja assaltado, estuprado ou morto para você precisar da polícia e depois mostrar sua crítica a eles'. Esse tipo de ameaça", conta, ao UOL.
 
O objetivo de Rafucko, que é famoso na internet pelos conteúdos críticos de cunho social desde 2008, foi criticar as ações perpetradas durante a organização dos Jogos. "Eu fui a lojas de souvenir, mas não à loja oficial do Rio, para pegar ideias do que se vende como lembrança do Rio de Janeiro. Tentei reproduzir essas lembranças, mas com fotos e imagens de lembranças que eu acho que devem ser levadas também. No caso, a violência, que não é apenas policial", explica.
 
O conteúdo das lembrancinhas é o diferencial. As canecas, sandálias e cartões postais, que poderiam ser encontradas em qualquer loja de souvenir em Copacabana, por exemplo, na ideia de Rafucko ganharam tom crítico. Imagens ilustram, por exemplo, o comportamento violento da Polícia Militar e a remoção de moradores da Vila Autódromo (comunidade desalojada com as obras do Parque Olímpico).
 
Os souvenir estão realmente sendo vendidos, mas em menor quantidade: foram três de cada mascote e dez canecas confeccionadas pelo idealizador. "A ideia de usar o logo oficial vem de como a cidade violenta os cidadãos. O que seria um souvenir sincero? O que seria uma lembrança sincera para a população? Acho que seriam esses", reflete.
 
O Comitê Organizador disse, em resposta ao UOL Esporte, que se trata de uma manifestação artística e minimizaram a situação, sem classificá-la como uso indevido da marca (o uso de símbolos dos Jogos comercialmente é proibido pelo Ato Olímpico, lei federal de 2009).
 
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