Brasileiro leva a cultura do futebol aos demais esportes e rouba a cena no Rio

De Djokovic a Phelps, atletas de todas as modalidades se surpreendem positivamente com o show da torcida nas arquibancadas / Foto: Buda Mendes/Getty Images

Rio de Janeiro - O barulho, as músicas e as provocações saíram do seu espaço tradicional, que são as arquibancadas dos estádios de futebol, e chegaram aos Jogos Rio 2016. 
A energia e o repertório dos torcedores, que contagiam os donos da casa e enervam os adversários, chamam a atenção em diversas modalidades, e não apenas quando Neymar, Martha e companhia estão em campo. Os gritos destoam nos habitualmente silenciosos tênis e tiro com arco, bem como nos mais agitados voleibol e basquetebol. 
 
Claro, a gritaria maior acontece quando algum brasileiro está na disputa. Os tradicionais gritos de "Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor" e "Le leleô leleô leleô leleô, Brasil" são os mais frequentes. Mas o que tem sido visto no Rio 2016 é uma boa dose de criatividade. 
 
Em sua estreia no torneio de tênis diante do argentino Juan Martín del Potro, o tenista sérvio Novak Djokovic acabou sendo derrotado. Mas não foi por falta de apoio. O sérvio ganhou gritos personalizados, como "Vamos virar, Djokô". A empolgação foi tanta que o juiz precisou pedir constantemente para que a torcida respeitasse o silêncio durante as trocas de bola.
 
"Não sei como agradecer. Foi o tipo de atmosfera que experimentei poucas vezes em minha carreira. Geralmente isso acontecia quando estava em meu próprio país. Aqui no Rio parecia mesmo que eu era brasileiro", afirmou o número 1 do mundo no tênis. 
 
No basquetebol, o clima não foi diferente. Na derrota para a Lituânia, na estreia, e na vitória diante da poderosa Espanha, na tarde de terça-feira (9), a seleção brasileira contou com apoio incondicional. A poucos segundos do fim da partida contra os espanhóis, o craque Pau Gasol errou um lance livre e foi bastante vaiado pelos brasileiros. Algo bastante comum nessa situação em jogos de basquetebol, mas que parece ter pesado mais pela forma e pelo local onde ocorreu. 
 
Leandrinho resumiu o sentimento do time com o apoio. "Isso é Brasil. Sabemos que existe uma maneira de torcer no futebol e acho que trouxemos isso para o basquetebol. Fico muito feliz e satisfeito. Isso nos dá a força de que precisamos", disse.
 
Os estrangeiros abraçados pelos brasileiros se surpreenderam. Nas piscinas, o apoio ao astro Michael Phelps foi impressionante. O nadador disse que "sentiu seu coração sair pela boca" antes de mergulhar na piscina no revezamento 4x10m livre. Já o britânico Adam Peaty não entendeu nada ao ser ovacionado após quebrar o próprio recorde mundial na prova de 100m peito. 
 
"Quando faltavam 25 metros, comecei a escutar os gritos da arquibancada e cheguei a pensar: será que tem brasileiro na água e eles estão cantando por isso? Quando terminou e vi que era por causa do meu recorde, fiquei muito feliz. Foi impressionante", afirmou Peaty.
 
Mas há aqueles esportes em que o silêncio se faz totalmente necessário. É o caso do tiro com arco, disputado em um dos locais normalmente mais barulhentos do Rio: a Marquês de Sapucaí, palco do Carnaval. Brasileira, Anne Marcelle arrastou torcedores para o local. Durante a concentração para a flechada, ninguém abriu o bico. Mas bastava o locutor anunciar que um 10 foi conseguido para todos fazerem muito barulho -- nada dos contidos aplausos normalmente escutados na modalidade. 
 
"Justamente por ser um esporte em que o silêncio é fundamental, os poucos segundos que a torcida tem para nos apoiar são fundamentais. Disputar essa competição em casa me proporcionou esta situação inédita. O brasileiro é realmente um povo maravilhoso, capaz de levantar qualquer um com seu astral", constatou Anne. 
 
Fato é que pelos próximos dias ainda veremos novos espetáculos por parte dos animados torcedores brasileiros. O suficiente para marcar esta edição dos Jogos Olímpicos como a mais animada de todas.
 

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