Chama olímpica conhece cenários de filmes e romances na Bahia

Baianas de Ilhéus / Foto: Francisco Medeiros / Ministério do Esporte

Rio de Janeiro - Após passar por Itambé, Floresta Azul, Ibicaraí e Itabuna - todas na Bahia -, a tocha olímpica chegou em Ilhéus, cidade celebração do dia. Com partida na Avenida Litorânea Norte, a tocha encantou primeiro os moradores do bairro Malhado e Cidade Nova, onde o campeão brasileiro de triatlo em 1997, Beto Kruschewsky, ouviu a multidão gritar seu nome ao conduzir o fogo sagrado. "As pessoas não têm a dimensão do que é a chama olímpica passar por Ilhéus. Não existe equação possível para calcular o legado da tocha e a mudança no espírito das pessoas com os valores olímpicos", disse o esportista, que hoje atua como árbitro da modalidade. Segundo ele, o pontapé inicial é agora, pois nos Jogos Rio 2016, Beto fará parte da equipe de arbitragem.

Filho de cacauicultor, Beto (foto) sabe da importância da cidade para a história que remonta ao período em que a produção e exportação do cacau eram a atividade principal da economia brasileira. "Jorge Amado expôs nos seus livros todos os nossos aspectos socioculturais, a questão cacaueira e como essa terra se desenvolveu. O interessante é que Ilhéus conseguiu manter aquela coisa bucólica também de cidade do interior", explica. A cidade já recebeu quatro Copas do Mundo de Triatlo graças às belezas naturais e a sua história.
 
A tocha que passou pela Praça Perpétua Marques e foi recebida pelo grupo Afro Yorubá. Com cores e ritmos, continuou no sentido da Praia do Cristo até chegar ao Centro e se transportar para os cenários dos livros de Jorge Amado. O escritor morou na cidade durante a infância e adolescência e tem seus personagens vivos em nomes de bares e restaurantes, além da Casa de Cultura Jorge Amado, local onde ele viveu e imortalizou seu nome em Ilhéus.
 
Filhos do Cacau
 
Mesmo com a crise da lavoura cacaueira, o Brasil é o quinto maior produtor do mundo. Marly Britto ainda vive do fruto na cidade vizinha Itacaré. "Eu via meu pai trabalhar plantando cacau e as pessoas dizerem que aquilo viraria chocolate. Me perguntava como era isso", relembra. Filha de pequeno agricultor, a consultora de preservação ambiental soube, assim como o pai, tirar o sustento do fruto tão comum na região.
 
Passou por momentos difíceis, chegou a ser doméstica em Brasília e, em 2000, começou a mudança. "Fui convidada para representar o Instituto Floresta Viva e ajudar os pequenos agricultores a desenvolver novos projetos com o cacau", conta a itacareense que conduziu a chama olímpica em Ilhéus. "A tocha brilha igual o cacau. Eles têm o mesmo significado para nós hoje, de união e amor. Sinto a mesma felicidade de quando eu estava gerando meus filhos na minha barriga", fala emocionada.
 
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