Chama olímpica passa pelas águas quentes de Caldas Novas

Leonardo Ala escorregou em um tobogã aquático com a tocha olímpica / Foto: Ivo Lima / Ministério do Esporte

Rio de Janeiro - Movida pela água que a levou ao posto de maior manancial hidrotermal do mundo, a pequena Caldas Novas, ao sul de Goiás, se viu rendida ao fogo nesta sexta-feira (06/05). A chama que percorre o Brasil por meio da tocha olímpica unindo atletas, ex-atletas e cidadãos comuns em torno do espírito dos Jogos Rio 2016 passou pela cidade mobilizando moradores e turistas.

Os dois elementos, fogo e água, que juntos podem se neutralizar, desta vez se complementaram. Num dos pontos altos da transição, a chama foi conduzida em um toboágua de 26m de comprimento, caindo em uma piscina naturalmente aquecida – e, mesmo assim, manteve-se acesa.

A expectativa por quem aguardava o evento desde o início do dia era grande. Com a aproximação do horário de passagem da chama, grupos iam se formando, curiosos com o ineditismo da festa. Quem foi selecionado para conduzir a tocha assumia status de celebridade. Organizadores do evento começaram a posicionar os 70 condutores que percorreriam, ao todo, 14 km na cidade. A euforia do público crescia a medida que via o símbolo olímpico, e quem o empunhava era logo procurado para tirar uma fotografia.
 
Depois de passar pelos municípios de Trindade, Aparecida de Goiânia, Piracanjuba e Morrinhos, a chama olímpica chegou ao seu último destino já no começo da noite. Um dos primeiros a carregá-la foi um ex-atleta de prestígio local. Ciclista, de 39 anos, G-Angelluz dos Santos Andrade praticou por 18 anos a modalidade de BMX Freestyle (a bicicross em estilo livre). Foi campeão goiano por quatro vezes, vice-campeão brasileiro por duas, chegou às finais de duas edições dos X-Games e representou o Brasil em três campeonatos mundiais de ciclismo.
 
Há três anos e meio, porém, o engenheiro ambiental de formação atropelou uma vaca, sofreu fraturas e perdeu a força nas mãos. O acidente lhe custou a carreira de atleta, mas não tirou dele o espírito esportivo. "É muito emocionante representar a turma dos esportes radicais. Quando penso em pegar na tocha, meus pelos se arrepiam como se estivesse entrando em um campeonato", disse ele.
 
Assim que cumpriu seu trajeto, G-Angellus repassou a chama à organização do evento que, em um par de lanternas, à levou àquele que protagonizou a performance mais inusitada do trecho. Pelas mãos do recreador Leonardo Ala, de 21 anos, a tocha olímpica desceu escorregando por um toboágua de 8m de altura e 26m de comprimento até chegar a uma piscina de quase 1 metro de profundidade. A expectativa de quem assistia era grande, assim como o temor de por algum incidente a tocha pudesse se soltar e cair na água. O desempenho do rapaz, no entanto, foi impecável.
 
Depois de treinar mais de 300 vezes para cumprir o feito com êxito, o jovem, que nasceu na cidade, aguardava com ansiedade a hora de participar da transição do símbolo dos Jogos Olímpicos. "Quase não dormi à noite. Acordei de hora em hora e até cheguei cedo no trabalho tamanha minha expectativa", contou ele, que é funcionário de um dos principais parques aquáticos de água natural de Caldas Novas.
 
Uma banda percussiva embalava a espera de quem optou por acompanhar a festa desde a entrada da cidade. Lá, se destacava na paisagem, pela proporção da fantasia e pela criatividade, o "homem tocha". Dentista em Goiânia, Lúcio Monteiro, 45 anos, desfilava entre o público caracterizado como chama, feita de PVC e isopor. Habituado a correr a São Silvestre, (tradicional prova de corrida realizada em São Paulo) com diferentes trajes, ele encomendou a um artista plástico o adereço, que pesa seis quilos e exige preparo físico. "Fui me superando e corri atrás da tocha em várias cidades de Goiás. Acho que viram e me convidaram para ser condutor da tocha amanhã, em Uberlândia, comemorava Monteiro, que ainda pretende seguir a chama olímpica por muitas cidades do Brasil.
 
Havia até quem tivesse chegado de muito longe para participar da condução da tocha olímpica no Brasil. Moradora de Buenos Aires, a argentina Andrea Rhodius, de 42 anos, foi especialmente para Caldas Novas se apresentar como uma das condutoras. Vibrante e disposta a espantar o nervosismo, ela dançava e desfrutava o momento de alegria entre os brasileiros. "Levar a tocha significa tudo que aprendi como pessoa e tudo que ainda tenho que aprender."
 
Turismo
 
A cidade goiana esconde em seu subterrâneo nascentes de água a temperaturas superiores a 40°C. Atraídos pela possibilidade de sombra e água aquecida, milhares de turistas enchem as ruas, clubes e hotéis do município, movimentando a econia local. Prestes a completar 105 anos, Caldas Novas já somava em 2014 a 81,5 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 
A aproximadamente 170 km da capital Goiânia, Caldas Novas está entre os 51 municípios brasileiros com maior fluxo turístico e maior número de empregos e estabelecimentos no setor de hospedagem – incluindo aí as 27 capitais brasileiras. Junto a ela estão destinos tradicionais como Porto Seguro (BA), Ipojuca (Porto de Galinhas-PE), Campos de Jordão (SP), Foz do Iguaçu (PR) e Gramado (RS). Os dados fazem parte do Mapa do Turismo Brasileiro, do Ministério do Turismo.
 
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