COI coloca em xeque Jogos do Rio, segundo jornal

Parque Olímpico de Deodoro recebe alerta vermelho do COI / Foto: Rio 2016

Rio de Janeiro - A apenas três anos dos Jogos Olímpicos de 2016, o Comitê Olímpico Internacional (COI) demonstra extrema preocupação com a estrutura do Rio para receber as competições esportivas e coloca em risco aquela que deverá ser a primeira edição de uma Olimpíada na América do Sul. As informações foram publicadas neste sábado pelo jornal O Estado de S. Paulo e, segundo o veículo, fazem parte de um relatório confidencial do Comitê sobre a preparação da cidade-sede para os Jogos.

Para ilustrar os níveis de perigo de cada um dos 44 capítulos sobre a preparação, o COI optou por classificar com diferentes cores: os pontos em verde estabelecem os assuntos em dia; em amarelo estão os que ameaçam e em vermelho estão postos atrasados e problemas que já influenciam a realização das Olimpíadas. 

O levantamento destoa dos discursos inflamados e tranquilizadores do presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman e de políticos envolvidos com a promoção dos Jogos, como o prefeito do Rio, Eduardo Paes. 

Um dos principais pontos do relatório, em vermelho, diz respeito à estrutura urbana para receber os milhares de turistas que desembarcarão no Rio. Especificamente, o relatório cita com ênfase os problemas com o transporte e o déficit de vagas na rede hoteleira da cidade.

No caso do primeiro imbróglio, as preocupações versam sobre os atrasos nas obras basilares e que podem realmente ajudar na fluidez do trânsito da cidade. São elas a Linha 4 do metrô, que ligará a Barra da Tijuca à Zona Sul, a Transolímpica e a Transbrasil. Em relação às obras do metrô, o COI alerta para a falta de um plano B caso a construção não fique pronta a tempo dos Jogos. A falta de ônibus também é citada no estudo.

Já no que tange aos hóteis, o problema chega a ser crônico: é preciso mais do que dobrar o número de quartos disponíveis atualmente na cidade do Rio para comportar a demanda de 2016. Hoje estão contratados 19,2 mil acomodações, enquanto que a necessidade estabelecida pelo COI é de 45 mil. A solução teoricamente mais fácil para este problema - usar navios costeiros como hóteis, no Porto do Rio -, no entanto, está sob ameaça (em amarelo no relatório), devido a problemas de infraestrutura no porto da cidade.

A questão dos aeroportos é trazida em amarelo, graças ao adiamento do novo plano operacional para março do ano que vem.

Sobre as instalações esportivas, símbolos de uma Olimpíada, o alerta vai em direção às constantes mudanças de planos dos organizadores. "Ainda existem muitas e frequentes mudanças de locais ou incertezas sobre a localização e especificações das instalações. Essas mudanças e incertezas têm ou poderão ter impactos negativos nas operações", critica o informe. Esportes aquáticos, canoagem e corridas de rua são algumas das provas e esportes que despertam preocupação no COI.

A questão do Maracanã, que pode ser alvo de ações na Justiça, também gera alertas da entidade. Segundo os planos do comitê organizador, o estádio precisará ser adequado, após a Copa do Mundo de 2014, para os Jogos Olímpicos. Caso hajam processos legais, entretanto, essas mudanças poderão ficar comprometidas. Ainda no tema estádios, o relatório não deixa de atacar também o Engenhão, embargado por problemas na sua estrutura. No texto, prevê-se exigir do Rio um calendário de construção, que corrija a falha no teto e faça as alterações necessárias para os Jogos, já alinhadas com o comitê previamente. 

Outro alerta em nível vermelho é feito para o futuro Parque Olímpico, em Deodoro, cujo projeto estaria pronto em maio de 2012, mas precisou ser adiado para novembro próximo. "Isso coloca em risco a capacidade de ter esses locais prontos no prazo para os eventos-teste e, de uma forma mais global, impacta na conclusão efetiva do desenvolvimento inteiro da zona", alerta o documento, replicado na página do jornal.

É visível a apreensão do Comitê Olímpico Internacional quanto à realização dos Jogos, quase quatro anos após a escolha do Rio como cidade-sede. Mais da metade do caminho já foi percorrido e certamente a cidade não chegou nem perto de uma preparação equivalente ao tempo decorrido desde 2009. 

 
Falta de estrutura para a imprensa

Além dos problemas apontados enfaticamente pelo COI, a reportagem do Esporte Alternativo identificou outra falha grave na estrutura comandada pelo COB. A tentativa da equipe de cobrir a 5ª Visita Oficial da Comissão de Coordenação do COI ao Rio, na próxima segunda-feira, foi negada pelo comitê.

Ela esbarrou, segundo email enviado ontem pelos organizadores, em "restrições de espaço" do local escolhido para a coletiva de imprensa. Percebe-se que não há estrutura nem sequer para contemplar uma cobertura ampla e completa dos veículos midiáticos, o que gera mais preocupação ainda em relação aos grandes problemas de transporte, hóteis e instalações esportivas colocados no relatório. 

 

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