Com arco-íris e quatis, tocha conhece Cataratas do Iguaçú
Rio de Janeiro - O dia amanheceu mais tarde, como é de costume no inverno. Mas nem as inúmeras nuvens conseguiram esconder a beleza e a força das quedas d'aguas das Cataratas do Iguaçu ao receber a chama olímpica nesta sexta-feira (01.07). Aos poucos, o sol foi aparecendo e com ele os quatis, que não se intimidaram com os visitantes. O revezamento viveu um dia especial em uma das mais belas paisagens do globo. Pela primeira vez desde o início do percurso nacional, em 3 de maio, o fogo passou para terras além das fronteiras brasileiras e fez um convite para toda a América Latina participar dos Jogos Rio 2016.
Os visitantes do Parque Nacional de Iguaçu, criado em 1939, tiveram um atrativo a mais e puderam ver um pouco dos Jogos durante a passagem da tocha pela reserva, que tem 275 quedas d'águas ao longo do percurso. Os condutores Roberto Costa Cabral e Jorge Pegoraro chegaram juntos à entrada da trilha das cataratas de onde já é possível ter uma bela visão. O ex-jogador de futebol foi quem iniciou o revezamento e conduziu a chama pelas trilhas do parque que tem a maior extensão de floresta Atlântica preservada da região sul do Brasil. Atual secretário de Esportes e Lazer de Foz do Iguaçu, Roberto Costa entregou a chama para o biólogo Jorge Luiz Pegoraro, no Espaço Tarobá.
Funcionário do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Pegoraro foi chefe do Parque Nacional do Iguaçu por 12 anos. Neste tempo, pôde implementar várias atividades esportivas dentro do parque, como a meia maratona e os X-Games. "É uma energia muito grande estar aqui junto das Cataratas, dentro no patrimônio natural da humanidade, com gente do mundo todo, levando uma imagem bonita do Brasil", destacou o biólogo após conduzir a tocha.
Um dos principais pontos turísticos do país, as Cataratas do Iguaçu registraram o maior número de visitantes na última década, passando de 980 mil visitantes em 2004 para 1,5 milhão em 2014, de acordo com dados da concessionária Cataratas S/A. Jorge aproveitou para convidar os turistas a visitarem o Brasil.
"Queremos que as Olimpíadas sejam um sucesso mundial e que as pessoas venham para o país para conhecer as belezas naturais, como as Cataratas", convocou.
Iguaçu é o segundo parque brasileiro que mais recebe turistas, atrás apenas do Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro. A rica biodiversidade somada à paisagem de rara beleza cênica fizeram do Parque Nacional do Iguaçu a primeira Unidade de Conservação do Brasil a ser instituída, em 1986, como Sítio do Patrimônio Mundial Natural pela UNESCO.
Após percorrer a trilha das Cataratas, a chama olímpica seguiu no comboio rumo à Usina Hidrelétrica de Itaipu, e pela primeira vez no Brasil pisou em solo estrangeiro. O percurso começou no lado paraguaio do complexo e visitou a parte de baixo da barragem com a condutora paraguaia Celsita Diaz, sorteada pela empresa para carregar a tocha. Com oito quilômetros de extensão, a estrutura de concreto possui colunas com arquitetura côncava, que se assemelham a catedrais, como são chamadas.
Na parte de cima da barragem e com o Lago de Itaipu ao fundo, foi a vez do brasileiro Newton Kaminsk carregar a tocha. O campeão mundial master de natação em Kazan 2015 percorreu os 200m na linha imaginária que divide Brasil e Paraguai, até encontrar o colega Alexandre Cardoso. "Eu ainda estou tremendo. É uma sensação única", descreveu Cardoso.
Apaixonado por esportes, o coronel militar, agora na reserva, é um dos principais incentivadores da causa dentro da Binacional. "No exército temos que praticar esporte. Conseguimos transferir isso para a Itaipu", comemora o responsável pela ampliação da pista de atletismo e idealizador de diversas competições na empresa. Alexandre vai trabalhar de bicicleta e orgulha-se de estar em um lugar que compreende o espírito olímpico. "O fogo simboliza o que a empresa já faz desde a sua fundação, que é a integração, como a parceria Brasil-Paraguai", conclui.
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