Diego lembra depressão e falta de dinheiro para comer: 'sou campeão pra vida'

Diego se emociona ao receber medalha / Foto: Alex Livesey / Getty Images

Rio de Janeiro - Foi sem sombra de dúvidas a medalha mais merecida de todos os 467 atletas brasileiro que disputaram ou ainda vão disputar um pódio nessas Olimpíadas. Depois de cair nas duas últimas edições dos Jogos Olímpicos, enfrentar traumas e uma depressão, Diego Hypolito veio para o seu principal aparelho, o solo, com uma história para escrever e uma história que precisava ser escrita em casa, com o apoio de milhares de brasileiros. 

Uma apresentação impecável, que o fez cair, mas cair de pé, direto para o segundo lugar mais alto do pódio: isso foi o que Diego presentou o Brasil neste domingo. A nota, de 15.533, o ginasta vai levar para a vida.

Depois de receber sua medalha de prata, levou um tempo, é verdade, até que o Esporte Alternativo e os demais veículos da imprensa escrita tivessem a oportunidade de falar um pouquinho com o vice-campeão olímpico do Brasil. Isso porque, na zona mista - área em que todos os atletas precisam passar após suas exibições -, a prioridade é para as emissoras de TV, de rádio, e agências de notícias, respectivamente nessa ordem. 

Não era estranho, porém, ouvir Diego gritando, sem motivos, no meio de uma entrevista, quando via algum conhecido na zona mista. "Eu sou medalhista de prata!", gritava o ginasta brasileiro, com absoluta felicidade. 

Diego agradece o carinho do público na Arena Carioca 1 / Foto: Alex Livesey / Getty Images

"Eu não consigo acreditar que isso é real, isso mostra que para qualquer pessoa, que se você acreditar no seu sonho, é possível sim alcançar seu sonho. Eu tive uma Olimpíada que eu caí de bunda, uma Olimpíada que eu caí literalmente de cara, a terceira eu caí de pé. Eu nem era tão bom quanto eu fui nas outras Olimpíadas e eu consegui uma medalha, é uma sensação maravilhosa. Nunca desistam do sonho de vocês", ensina o brasileiro.

Aos 30 anos, o atleta demonstrou para o Brasil inteiro o quanto estava ansioso e nervoso na prova, já que foi o segundo a se apresentar e precisou aguardar os outros seis ginastas da final do solo para saber seu resultado. Na verdade, ele achava que nem no pódio estaria. 

"Achei que medalha não dava. Há pouquíssimo tempo atrás eu nem era nem titular da equipe, aí me classifiquei para Olimpíada, fiquei em quarto no primeiro dia. Quando eu terminei minha prova hoje, eu pensei que dava um quinto, um quarto lugar. Aí eu passei mal, minha pressão caiu, eu achei que fosse desmaiar. Tomei uma suplementação, vem para cá, vai para lá. Hoje esse resultado é do Brasil, é de todas as pessoas. Isso que aconteceu hoje é o momento mais emocionante da minha vida", emenda o ginasta.
 
O resultado da dedicação e esforço do atleta veio após anos de batalhas duras vividas dentro e fora dos aparelhos da ginástica. Ele precisou vencer, além das dificuldades diárias de treinamento e seus medos e traumas das Olimpíadas anteriores, uma depressão. 
 
"Aconteceu de tudo comigo, já tive depressão, já fui internado, já voltei a ser medalhista mundial, já tive tantos altos e baixos, isso mostra que todos nós temos o direito de errar. E todos os resultados são muito importantes.Eu fiz a minha série, na hora que eu virei para a última acrobacia me veio um filme de Pequim, e na hora eu pensei ‘você treinou, você se dedicou, não deixa o seu trabalho ir por água abaixo por algum pensamento negativo, vai lá e faz’", acrescenta. 
 
Diego chorou muito após o resultado / Foto: Alex Livesey / Getty Images
O EA perguntou ao Diego se ele tem consciência do quanto a medalha de sua irmã, Daniele Hypolito, no solo no mundial de Gante em 2001 (a primeira do Brasil em mundiais) e seus cinco pódios em mundiais (incluindo dois títulos), além dessa inédita medalha olímpica no solo, fizeram pela ginástica brasileira. 
 
"Não é o que eu possa ter feito, e sim o quanto isso possa motivar as pessoas. Eu e a Dani a gente veio de raízes muito humildes, já passamos por dificuldades imensas, eu de ter que vender bebida na praia porque a gente não tinha dinheiro para comer, e isso fez com que eu quisesse me superar para estar aqui. Então para mim não importa os títulos, óbvio que uma medalha olímpica eu queria muito, mas a satisfação de ter me sentido um campeão para vida vale mais que qualquer coisa", avalia o medalhista brasileiro. 
 
E se todo mundo esperava que Diego fosse falar em aposentadoria, ou mesmo querer esperar baixar a adrenalina da medalha para pensar no futuro da sua carreira, o ginasta surpreendeu e matou nossa curiosidade. 
 
"Eu fiz meu papel, e o meu objetivo era esse, a medalha era consequência do meu trabalho. Quando eu saí dali parece que saía um caminhão das minhas costas, foi minha terceira Olimpíada, vou para minha quarta Olimpíada sim, não vou parar, eu amo a ginástica", garante um sempre sorridente Diego. 
 
Ok, Diego. Então nos vemos em Tóquio.
 

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