Húngara do Brasil perde naturalização por suspeita de fraude

Emese Takacks / Foto: Divulgação

Rio de Janeiro - A húngara Emese Takacks, de 38 anos, estava prevista para representar o Brasil na competição de esgrima dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Mas ela precisará batalhar na Justiça para conseguir. Sua naturalização foi suspensa em ação movida na 5ª Vara Federal de Curitiba. 

Emese tem agora até 1º de julho para conseguir reverter o cenário, pois esta é a data final de inscrição dos atletas. A atleta estava selecionada para disputar a espada por equipes e individual, já que é a segunda brasileira mais bem colocada no ranking mundial. 

A juíza responsável pela decisão, Anna Karina Stipp, questiona o tempo legal de permanência da atleta no país, seu domínio do português e até seu casamento com o brasileiro Rafael de França Barreto (em 2013). 

"Se há fixação espacial de Emese Takács em determinado lugar, presume-se que é em Budapeste, na Hungria, conforme dezenas de fotografias lançadas no Facebook, com marcação de seu nome (juntamente com o húngaro Attila Szábo), datadas de 12 de junho de 2012 em diante, e anexadas no ev1, ata 10 - o que, por conseguinte, permite questionar em que condições foi celebrado seu casamento com Rafael de França Barreto, em 16/05/2013 (ev2, certcas3)", traz a sentença. 
 
"Mesmo que se some o período no qual Emese Takács possuía visto de turista (permanência por apenas 90 dias) e visto permanente de 2 anos, verifica-se que, de 05/05/2011 até 13/05/2014 (3 anos e 8 dias), permaneceu no Brasil por aproximadamente 144 dias (equivalente a menos de 5 meses). Tal não preenche o requisito objetivo do domicílio, que é a fixação espacial permanente de Emese Takács no território nacional", continua a decisão da juíza.
 
Notificada nesta sexta-feira, a húngara tem 20 dias para entrar com recurso. Uma atleta brasileira, Amanda Simeão, está a par da situação e critica Emese. Ela inclusive ajudou nas investigações, levantando documentos e arquivos anexados ao processo. 
 
"É algo que interessa diretamente a mim e quis saber a verdade. Eu e minhas amigas começamos a investigar pois tínhamos suspeitas de que o casamento dela com o Rafael não era tão sério assim. Inclusive uma vez, ela mesmo nos disse que não estava mais casada. Nunca vimos os dois juntos", declarou Amanda.
 
"Ela (Emese) nunca foi parte integrante da nossa equipe, nunca procurou se relacionar muito. Recentemente fomos competir em Buenos Aires e ela ficou lá dando dicas para a equipe da Hungria, que seria nossa adversária. Isso sem contar que nunca falou em português conosco. Tivemos até de alterar o nosso grito de guerra para ela pode fazer, pois não consegue nem decorar as palavras em português", continua a atleta.
 
Já o técnico da húngara se disse chateado com o caso. "As fofocas de bastidores que isso poderia acontecer já corriam. Em menos de um ano, ela saiu de zero pontos no ranking para ser a segunda melhor do Brasil e estar na Olimpíada. Este era meu trabalho com ela, o que me comprometi a fazer. Vou apoiá-la até o fim", disse.
 
A Confederação Brasileira de Esgrima disse que Emese continua integrante da seleção brasileira e que vai aguardar a decisão da Justiça após recurso da atleta.
 
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