Rafa relata seu dia de ouro: "Não dormi. Fiquei mentalizando a competição inteira"

Rafaela Silva e seu ouro olímpico / Foto: David Ramos / Getty Images

Rio de Janeiro - Assim que saiu do tatame com a medalha de ouro garantida, a judoca brasileira Rafaela Silva passou pela zona mista de imprensa e respondeu poucas perguntas dos jornalistas presentes, já que precisava voltar para o vestiário, se trocar, e estar pronta para ouvir o hino nacional brasileiro pela primeira vez na Rio 2016. 

Após a cerimônia de premiação e ter ido às lágrimas, talvez imaginando todo o trajeto que percorreu para chegar até aqui - desde a desclassificação em Londres 2012, após um golpe ilegal, e o racismo que sofreu de internautas após isso -, Rafaela voltou à zona mista e, agora sim, conversou com mais calma com os jornalistas presentes. 

O Esporte Alternativo ouviu da judoca sobre o dia do ouro, como começou desde que Rafa acordou (na verdade, segundo ela, nem dormiu) até a conquista tão sonhada pela atleta. 

"Eu acordei, mas não dormi. Eu ficava acordando de hora em hora, quando é competição muito importante eu não consido dormir, só fico imaginando cada luta que sai do sorteio das chaves. E toda hora eu acordava nas lutas, eu fiquei mentalizando a competição inteira", relata.

No caminho até o Parque Olímpico, especificamente até a Arena Carioca 2, onde ocorrem as competições do judô, Rafa ouviu a palavra dos seus mentores. "Vim no ônibus com meu técnico Geraldo e o sensei Mário e eles falando 'é a sua competição, focada, sempre'", conta. 

Rafaela Silva e seu ouro olímpico / Foto: David Ramos / Getty Images

E se você acha que era só concentração o fato da brasileira olhar sempre pra baixo, antes e depois de cada uma das lutas que venceu, a explicação tem a ver também com um desejo por não encontrar desatenção nas arquibancadas. 

"E eu olhava sempre pra baixo, pra não olhar alguém na arquibancada, eu não sabia todo mundo que ia estar aqui, se tivesse alguma coisa que poderia me distrair... Então eu mantive meu foco, olhando pra baixo e deu certo até o final", afirma Rafa. 

Sobre os comentários racistas que a entristeceram em 2012, ela disse que uma das estratégias foi não ler mais nada. "E não ligar muito pros comentários. A gente via que tinham uns comentários desnecessários, eles falavam que lugar da macaco era na jaula e não nas Olimpíadas. O ídolo do esporte é o judoca Teddy Riner, que é negro, então não tem porque a pessoa fazer um comentário desses", pontua. 

A judoca disse ainda que a torcida foi fundamental na conquista do ouro. "Eu gosto muito de competir dentro de casa, a torcida ajuda bastante. Eu consigo ouvir bastante, estou sempre ouvindo a torcida, eu escutava minha coach, minha irmã, o sensei que estava na cadeira. Eu sentia que a minha adversária ficava pra baixo, e eu só pensava 'eu vou pra cima dela' e não posso decepcionar todas essas pessoas aqui", finaliza a primeira brasileira campeã olímpica na Rio 2016.

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