Mãe e técnica de Caio diz que vai em busca de pódio na marcha

Gianetti Bonfim, mãe de Caio, se divide na função de treinadora do atleta / Foto: Esporte Alternativo

Rio de Janeiro - Gianetti Oliveira de Sena Bonfim, mãe do atleta da marcha atlética Caio Bonfim, resume sua vida hoje em dia: “Não faço mais nada. Vivo em função do Caio. De ir atrás desse objetivo, da Olimpíada, da medalha olímpica. É só pra ele".

A advogada, que acompanha o melhor brasileiro da modalidade nas provas mundo afora, sabe tudo de marcha atlética e é o pilar do brasiliense no dia a dia e na hora de traçar a estratégia para cada marcha. Gianetti enche a boca para falar do quanto o filho evoluiu do 39º lugar de Londres 2012 para a sexta colocação no Mundial do ano passado e garante: Caio já é reconhecido e respeitado nas provas europeias.

“Quando ele foi pra Londres, a gente queria a experiência. Você sofre se não tiver a experiência. Então só tinha 21 anos, saindo do juvenil, foi para evoluir. Você vê que da Olimpíadas de Londres pra cá ele está a um minuto e meio do campeão, ele estava a quatro. O Caio a gente tem que segurar ele, tem muito talento, muita força mental, é fenomenal... Mas a gente tem que segurar, porque eu tenho que adequar isso tudo com a técnica da marcha. Para correr você corre de qualquer jeito, mas para marchar você não marcha de qualquer jeito. Então eu tenho que aliar técnica e força e energia que ele tem. Tudo tem um tempo", diz. 

Gianetti se refere às duas regras rígidas da marcha: o atleta não pode, em nenhum momento da prova, estar com os dois pés flutuando (quando o calcanhar de um pé está saindo do solo, o outro tem que estar entrando); além disso, a perna tem que esticar completamente enquanto o atleta marcha, diferente da corrida em que os joelhos usualmente são dobrados. 

Para julgar se os atletas infringem ou não alguma dessas regras a IAAF (Federação Internacional de Atletismo) tem, segundo a treinadora, 20 árbitros credenciados - nenhum brasileiro - mas que esse julgamento por vezes pode ser injusto e até envolver esquemas de corrupção, o que já revoltou muito Gianetti. 

Caio Bonfim foi campeão do evento teste nos 20km de marcha, neste sábado, no Rio / Foto: Esporte Alternativo

“Eu acho bonito a subjetividade, o árbitro tem que olhar, e a olho nu, ver se o atleta está futuando ou não. Em câmera lenta todo mundo vai estar flutuando, mas o que acontece é que não pode passar perceptível aos olhos humanos. O que eu não gosto é o atleta estar marchando bem e ser tirado porque o país dele não tem tradição, não é conhecido", afirma. 

“Você vai na FIFA tem sujeira, na IAAF tem sujeira, na marcha não vai ter? Onde tem ser humano tem erro, tem má fé, tem apadrinhamento... Eu quero o que é meu de direito, eu quero o honesto, o trabalho sério. A gente trabalha sério, muita técnica, para ele aperfeiçoar, para passar ileso, o árbitro olhar e falar: esse cara marcha. Não à toa foi sexto no mundial e não levou nenhuma falta”, emenda a brasiliense. 

O que importa é que Gianetti e Caio trabalharam duro para que o atleta ficasse reconhecido e respeitado no circuito de provas da Europa, "muito fechado", segundo ela. “A gente vai muito pra Europa. A gente vai pro fim do mundo, mas vai. Porque os árbitros vão estar lá e eles vão saber que a gente marcha", explica.

Para a Rio 2016, a mãe de Caio tem certeza que o fator casa vai ajudar. Além da torcida a favor, os árbitros tendem a não prejudicar um atleta local, segundo ela. Além disso, Caio trabalha com um plano de aclimatação, de vir um mês antes dos Jogos treinar no circuito olímpico, em julho, para se adaptar à pista e ao clima úmido e quente. 

“Na Olimpíada não é marca. Olimpíada é colocação. Mesmo porque Rio de Janeiro, 14h da tarde, você acha o que? Igual esses chineses que pegaram firme no começo... O Caio ficou só esperando. É claro que vão ‘morrer’. Então nós temos tudo favorável.  Estamos querendo vir pra cá em julho e ficar treinando aqui no horário da prova o mês inteiro. Porque a gente mora em Brasília, é quente mas é seca, não tem essa umidade aqui", afirma. 

E a medalha? A medalha é consequência, claro, mas é uma meta bem definida pelos dois.

“Não se faz um atleta olímpico em dois, três anos. Meu mínimo é dez anos. E é isso que a gente está buscando, um atleta campeão olímpico. Tudo tem um tempo, um propósito, e tomara que agora em 2016 esse tempo tenha chegado. A gente quer medalha, seja de qual cor for, a gente vai trabalhar e a gente vai em busca disso. A gente sabe que a gente não pode dizer ‘eu vou ganhar medalha’. A gente está trabalhando para isso, pode acontecer muita coisa no meio do caminho, mas o nosso foco é subir no pódio. O Brasil precisa e a marcha atlética precisa", finaliza Gianetti.

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