Medalhas Olímpicas e Paralímpicas são as mais sustentáveis da história dos Jogos

Projeto, desenvolvido em conjunto pelo Comitê Rio 2016 e a Casa da Moeda do Brasil, traz ainda inovações: medalhas Paralímpicas terão som para facilitar a acessibilidade e garantir  que atletas tenham uma experiência sensorial / Foto: Divulgação

Rio de Janeiro - Os Jogos Rio 2016 vão passar pela história como os que mais valorizaram o tema da sustentabilidade na produção das medalhas, estojos, diplomas e certificados.
 
Mais de 30% da prata e do bronze utilizados na produção das medalhas de premiação, Olímpica e Paralímpica, são reciclados; o ouro utilizado é inteiramente isento de mercúrio; as fitas das medalhas foram tecidas com 50%, em média, de fios PET reciclados; todos os insumos dos produtos provenientes de madeira (certificados, estojos e diplomas) têm certificação FSC (Forest Stewardship Council®), garantia de que a origem é de áreas com manejo ambiental sustentável e socialmente responsável. Esses são alguns dos requisitos exigidos pelo Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 para a produção de diversos produtos pela Casa da Moeda do Brasil (CMB), fornecedora oficial dos Jogos Rio 2016.
 
Também houve inovação na medalha Paralímpica. Elas têm, pela primeira, vez um dispositivo interno com esferas de aço que emitirão sons metálicos para permitir aos atletas com deficiência visual identificar as medalhas de ouro, prata ou bronze. A intensidade do som varia conforme o metal utilizado na medalha: a de ouro terá um som mais forte; a de prata, intermediário, e a de bronze um pouco mais fraco. As medalhas ainda terão a inscrição Rio 2016 Paralympic Games, em Braille.
 
Ao todo, foram produzidas 5.130 medalhas de premiação, sendo 2.488 Olímpicas e 2.642 Paralímpicas. Todo o projeto foi desenvolvido em conjunto pelo Comitê Rio 2016 e pela CMB. Só na estatal, houve a participação de mais de 100 empregados, de várias áreas, entre elas, artística, de sustentabilidade, engenharia e produção.
 
O lançamento aconteceu nesta terça-feira, dia 14/6, no Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, RJ, e contou com a presença do presidente do Comitê Rio 2016, Carlos Nuzman, da presidente interina da CMB, Lara Caracciolo Amorelli, entre outras autoridades.
 
"As medalhas são um dos mais importantes símbolos dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Apresentá-las ao Brasil e ao mundo será um momento único na história do esporte brasileiro", celebra Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. "A parceria com a Casa da Moeda é fundamental para essa realização", completou.
 
"Honra maior não poderíamos ter do que participar da maior festa esportiva mundial. Por esse motivo buscamos produzir peças de rara beleza artística, que significam o ponto alto da carreira de um atleta, que tanto se dedica para chegar ao pódio. Quando isso acontece, nada mais justo que a medalha que simboliza essa conquista seja algo especial, digna deste momento único do esporte. Foi nesse sentido que os profissionais da Casa da Moeda tanto se empenharam para fazer dessas medalhas peças únicas, dignas da ocasião. Cada vez que um atleta subir ao pódio para receber uma medalha, lá estará retratado o resultado do trabalho da Casa da Moeda", destacou Lara Amorelli, presidente interina da Casa da Moeda.
 
Formato abaulado das Medalhas de Premiação - As medalhas de premiação - ouro, prata e bronze - pesam, aproximadamente, 500g e são abauladas, com o centro ligeiramente mais alto. Nas bordas há uma gravação a laser que permite a identificação da categoria (masculino e feminino) e da disciplina esportiva. A fixação das fitas é feita por pino mola.
 
Os dois lados das medalhas de premiação Olímpicas (anverso e reverso) são únicos para todas as medalhas (ouro, prata e bronze), em todas as disciplinas esportivas (tênis, vôlei, natação etc.). O anverso tem a imagem padrão da deusa Nike, com projeto artístico do Comitê Rio 2016 e modelagem por artistas da CMB. O reverso traz os louros e a marca dos Jogos Rio 2016.
 
O símbolo Paralímpico ilustra o anverso da respectiva medalha, bem como o nome oficial dos Jogos Paralímpicos e a escrita em Braille. O reverso é composto pela marca dos Jogos Paralímpicos Rio 2016.
 
Medalhas Olímpicas e Paralímpicas de ouro - Todo o ouro utilizado na produção das medalhas é inteiramente isento de mercúrio e tem sua rastreabilidade controlada por critérios de sustentabilidade, desde a extração até o refino. A mineradora que forneceu o ouro foi auditada pela CMB e pelo Comitê Rio 2016.
 
Além da preocupação com o método de extração do ouro, também foram verificados outros critérios de sustentabilidade, como o cumprimento das leis ambientais e trabalhistas.
 
Na fabricação das medalhas de ouro também é utilizada como matéria-prima a prata, que é reciclada (92,5% de pureza). A prata é proveniente de resíduos de espelhos, de desembaçadores de para-brisas automotivos traseiros (tinta condutiva), de soldas que contêm prata e de chapas de raios-X (fotolito). Todo esse material passou porprocessos de extração, fundição e purificação, até resultar na prata reciclada para a produção das medalhas de ouro. A empresa que forneceu a prata também foi auditada pela CMB e pelo Comitê Rio 2016.
 
Foram produzidas 812 medalhas Olímpicas e 877 Paralímpicas de ouro que contêm 494g de prata (92,5% de pureza ) e 6g de ouro (99,9% de pureza) em sua composição metálica. O diâmetro mede 85mm e a espessura varia entre 6mm e 11mm (entre a menor e a maior altura - borda e centro, em razão da forma abaulada).
 
Medalhas Olímpicas e Paralímpicas de prata - Foram produzidas 812 medalhas Olímpicas e 876 Paralímpicas que contêm 500g de prata. O peso, sistema de fixação da fita, espessura, bordas e formato são os mesmos das medalhas de ouro.
 
Medalhas Olímpicas e Paralímpicas de bronze - Mais de 40% de todo o cobre utilizado na produção das medalhas de bronze é oriundo de resíduos industriais da própria CMB. Em vez de ser descartado, o metal foi fundido e descontaminado na própria empresa para dar origem à liga necessária para a confecção das medalhas de bronze. Todo o processo de reciclagem desenvolvido internamente pela CMB foi verificado e monitorado pelo Comitê Rio 2016.
 
Foram produzidas 864 medalhas Olímpicas e 889 Paralímpicas de bronze que contêm 475g de cobre (97%) e 25g de zinco (3%). O peso, sistema de fixação da fita, espessura, bordas e formato são os mesmos das medalhas de ouro.
 
Medalhas Paralímpicas inovam na acessibilidade - As medalhas Paralímpicas de premiação têm a mesma composição metálica das medalhas Olímpicas (ouro sem mercúrio), relevo, espessura, bordas e formato. A diferenciação está no desenho e no dispositivo interno que emite sons metálicos para permitir que atletas com deficiências visuais possam identificá-las.
 
O dispositivo consiste numa espécie de guizo com esferas de aço, no interior das medalhas, para a emissão de som quando o atleta a balançar. A medalha de bronze contém 16 esferas e emite um som menos acentuado; a medalha de prata tem 20 esferas e um som um pouco mais acentuado, e a de ouro tem o maior número de esferas (28) e o som mais forte das três.
 
Estojos e fitas das medalhas - Os estojos das medalhas Olímpicas e Paralímpicas têm formato de seixo e são destinadas aos atletas que vão ao pódio: ouro, prata e bronze. Todos os 5.130 estojos foram produzidos com madeira (freijó) certificada FSC e ímã para fechamento. Dimensões: aprox. 17,5cm x 14,35cm x 5,3cm. Acabamento: tampa com gravação da marca em baixo relevo.
 
A certificação FSC foi obtida pela Casa da Moeda em fevereiro de 2016 e era uma das exigências do Comitê para todos os seus fornecedores. O selo é uma garantia da origem do produto, o que significa dizer que a matéria-prima utilizada - o papel, no caso dos diplomas e certificados, e a madeira usada nas embalagens - foi obtida de forma ambientalmente correta, socialmente benéfica e economicamente viável.
 
Os estojos trazem o certificado de autenticidade das medalhas e um pin oficial dos Jogos, fornecidos respectivamente pelo COI e pelo IPC.
 
Já as 5.130 fitas das medalhas de premiação Olímpicas e Paralímpicas têm 10 cores e foram produzidas com poliéster acetinado. Elas foram produzidas com 50%, em média, de fios PET reciclados. O fornecedor apresentou certificação comprovando a origem do material reciclado.
 
O processo de fabricação inseriu o bordado nas fitas, traço cultural brasileiro. Inspirado no Look, o grafismo principal da identidade visual dos Jogos Rio 2016, o projeto artístico foi fornecido pelo Comitê. Na fita Olímpica, a cor predominante é o verde. E na Paralímpica, laranja.
 
Todas as fitas são fixadas de forma embutida na medalha. E sua resistência ultrapassa os 50kg.
 
Outros produtos Olímpicos e Paralímpicos - Outros itens compõem o projeto de premiação e participação de atletas, Comitês, patrocinadores, funcionários, voluntários etc. no maior evento esportivo do mundo.
 
Medalhas de Participação dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos: em formato de seixo, medem 55mm de altura, largura de 45mm, espessura de 6mm e peso de 100g. Todas as 93.754 medalhas de participação - 70.698 Olímpicas e 23.056 Paralímpicas - foram produzidas em liga de cobre 95% e 5% de zinco ou estanho, com eletrorrevestimento em níquel. Parte do cobre utilizado é reciclado de materiais da CMB. O processo de fabricação nesse formato específico trouxe inovações para a própria CMB e exigiu, inclusive, adaptação de ferramentas de cunhagem.
 
O projeto artístico das medalhas de participação Olímpicas traz no centro do reverso o conjunto da marca dos Jogos Olímpicos Rio 2016.
 
O anverso traz um grafismo estilizado do Pão de Açúcar. Já as medalhas de participação dos Jogos Paralímpicos têm no reverso o conjunto da marca dos Jogos Paralímpicos Rio 2016. O anverso traz um grafismo estilizado da Apoteose.
 
Elas serão entregues a representantes do Comitê Olímpico Internacional (IOC ou COI), Comitê Paralímpico Internacional (IPC), Federações Internacionais, Comitês Olímpicos Nacionais (CONs), Comitês Paralímpicos Nacionais (CPNs), patrocinadores, entre outros.
 
Estojos das Medalhas de Participação - todos os 93.754 estojos têm formato retangular.
 
Diplomas de premiação - foram produzidos 37.347 diplomas em papel filigranado CMB, com certificação FSC; impressão offset, e acabamento em hot stamp dourado (para os medalhistas de ouro), prata (para os medalhistas de prata), bronze (para os medalhistas de bronze) e verde (para os atletas de quarto a oitavo lugares dos Jogos Olímpicos).
 
Os diplomas Olímpicos têm relevo seco, hot stamp, formato A3 e 4 cores. Os Paralímpicos não têm relevo seco e são da cor laranja para os atletas de quarto a oitavo lugares. Os projetos artísticos foram fornecidos pelo Comitê Rio 2016.
 
A personalização dos diplomas (impressão do nome e outros dados do atleta vencedor) será feita pelo Comitê Rio 2016 após a conclusão de cada competição esportiva e a definição das oito primeiras colocações.
 
Certificados de Autenticidade das medalhas olímpicas e paralímpicas: todos os 5.130 certificados de autenticidade foram produzidos em papel offset, com certificação FSC. Projeto artístico fornecido pelo Comitê Rio 2016.
 
Certificados de Participação - todos os 93.754 certificados de participação foram produzidos em papel offset, com certificação FSC e projeto gráfico fornecido pelo Comitê Rio 2016. Eles destinam-se ao mesmo público que receberá as Medalhas de Participação.
 
Certificados Comemorativos - todos os 237.877 certificados comemorativos foram produzidos em papel offset, com certificação FSC. Eles serão entregues a funcionários, voluntários e contratados do Rio 2016.
 
Entenda as principais etapas do processo de fabricação das medalhas de premiação Olímpicas e Paralímpicas - Projeto foi desenvolvido ao longo de mais de um ano
 
Da imagem à modelagem - O projeto artístico do Comitê Rio 2016 é o ponto de partida para a produção das medalhas Olímpicas e Paralímpicas, como em todas as edições dos Jogos. O Comitê encaminhou para a CMB um briefing com as referências básicas dos dois projetos, como a definição das opções de relevo, altura, profundidade, espessura, peso e brilho. O grande desafio nessa fase é fazer os ajustes para que o conceito que estava no briefing possa ser adaptado para o metal, transformando-se numa matriz metalográfica.
 
No caso da medalha Olímpica, a exigência, desde 2004, é que ela tenha a imagem da deusa Nike no anverso. Nesse caso específico, a imagem foi modelada manualmente em massa por artistas da CMB, e escaneada. Com um software especializado, a imagem digital ganha seus últimos contornos antes de virar uma matriz.
 
Esse arquivo é transferido para um equipamento que vai gerar a matriz da medalha, em aço. Essa etapa leva o nome de usinagem, e a matriz gerada, utilizada para reproduzir a medalha, chama-se cunho.
 
A metalurgia - O processo metalúrgico começa pela criação da liga metálica: a fundição dos metais à temperatura de mais de 1000 graus centígrados. A medalha de ouro, por exemplo, tem em sua composição mais da metade de prata reciclada (92,5% de pureza) e 6g de ouro isento de mercúrio.
 
A segunda etapa do processo metalúrgico é a laminação, momento no qual a massa metálica fundida é transformada em lâminas, que depois serão cortadas em "blanks" (quadrados) que por sua vez vão sofrer novo corte na forma circular (discos). Essa fase da conformação dos discos é uma pré-cunhagem para tornar o disco abaulado, na forma de uma "calota", mas sem nenhuma cunhagem das imagens, ainda.
 
Por fim, a etapa da usinagem consiste em retirar o excesso de metal dos discos, tornando-os uniformes e nas medidas e peso definidos para as medalhas Olímpicas e Paralímpicas.
 
A cunhagem - A cunhagem é o momento de transportar as imagens do anverso e reverso das medalhas para os discos. É nessa etapa que os cunhos - matrizes metálicas produzidas na fase da modelagem - entram em cena. O cunho é pressionado com força contra o disco para a gravação das imagens no metal. Esse processo é repetido três vezes para que o transporte das imagens do cunho para o disco tenha total precisão. A terceira cunhagem é acompanhada de um acabamento fosco/polido para ressaltar os relevos da arte.
 
Pós-cunhagem - Após a cunhagem são feitos "raios de adoçamento" que consistem na suavização das bordas das medalhas e eliminação de qualquer "sobra" do metal. Em seguida, é produzida uma cavidade na medalha - a usinagem - para introduzir um pino de mola no qual será fixada a fita de sustentação das medalhas.
 
Com as bordas já suavizadas pelos "raios de adoçamento" e pronta a cavidade para a fixação das fitas, as bordas recebem a personalização do esporte e disciplina referente àquelas medalhas de ouro, prata ou bronze.
 
Nas medalhas de ouro, ainda é feito um "banho" que consiste num acerto da coloração. Como a base das medalhas de ouro é feita de prata, o banho de ouro garantirá que se chegue à cor final do produto. Por fim, as medalhas recebem uma camada de verniz que tem o objetivo de proteger a peça de eventual oxidação superficial.
 
Fixação da fita e embalagem - A fixação da fita de sustentação, por meio do pino mola, é a última fase da confecção das medalhas. Após essa etapa, uma rigorosa inspeção de controle de qualidade reexamina cada uma das medalhas para garantir que estejam adequadas e prontas para serem embaladas.
 
O processo de embalagem inclui a conferência das medalhas, registro por código de barra para cada modalidade e envelopamento plástico com etiquetas rubricadas por fiscais da CMB e do Comitê Rio 2016, antes de serem acondicionadas em caixas de papelão.
 
Após a embalagem, as medalhas são levadas em rigoroso esquema de segurança para os centros de competição onde estarão os atletas.
 
Medalha Paralímpica - O processo de produção das medalhas Paralímpicas é praticamente o mesmo das Olímpicas. A diferença é que são produzidos dois discos (em vez de um apenas) com uma pequena cavidade circular em cada um, na parte interna, lisa, sem cunhagem de imagens.
 
Após as três cunhagens uma caixa de ressonância (metálica) é introduzida na cavidade dos discos, e preenchida com esferas de aço que produzem o efeito sonoro para permitir a acessibilidade das pessoas com deficiência visual.
 
Ao final, juntam-se as duas partes da medalha e é feita nova usinagem para que não se perceba o encaixe das duas peças. 
 
 
 

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