Nadador carioca sabe como driblar pressão por resultados em casa

André Brasil mostra algumas das medalhas que acumulou ao longo da carreira / Foto: Allan Cristian / Rio 2016

Rio de Janeiro - Imagine a responsabilidade de ter de repetir, ou até superar, a campanha dos Jogos Londres 2012, quando ganhou três medalhas de ouro e duas de prata. Acrescente a isso o fato de ser carioca e competir nos Jogos Paralímpicos Rio 2016 diante da família e amigos, quatro anos mais velho, aos 32 anos. Muita pressão? Não para o nadador André Brasil, que espera encontrar este cenário no ano que vem. Ele não se abala. Garante ser positivo, até divertido, atuar “no jardim de casa” com tantas obrigações. A fórmula para enfrentar o desafio ele revela ao rio2016.com.

Para começar, André explica que as condições que encontrará no Rio não são totalmente desconhecidas. “Assim como foi em 2007 (nos Jogos Parapan-Americanos), vou estar com meus amigos, minha família, pessoas que amam o esporte e pessoas que não conhecem o esporte. Vamos, mais uma vez, mostrar, e pouco importa se (o evento) é Olímpico ou Paralímpico, que a gente faz (nosso trabalho) com gosto, com amor e traz resultado", define o nadador, que aos seis meses de idade contraiu poliomielite como reação à vacina e ficou com sequelas na perna esquerda.
 
Planejar o trabalho
 
O planejamento para o Rio 2016 está praticamente pronto, ainda que as vagas da natação Paralímpica ainda estejam em disputa. “A princípio são as mesmas provas que nadei no Mundial de Glasgow: 50m livre, 100m livre, 100m borboleta, 100m costas, revezamento 4x100m livre”, anuncia André, que compete nessas provas na classe S10. A dúvida está nos 200m medley classe SM10. “Primeiro é uma prova que me desgasta muito, e segundo que ela está no meio das provas de estilo específico. A gente ainda não tomou essa decisão”, explica.
 
Treinar e cuidar da concentração
 
A preparação, segundo ele, foi dividida em três blocos e incluirão competições entre atletas com e sem deficiência (André também participa de eventos contra adversários Olímpicos) no Brasil e no exterior. Pouco antes dos Jogos, a ordem será manter a concentração. “Quando os Jogos Olímpicos estiverem acontecendo, não queremos estar no alvoroço. Eu e meu técnico deveremos estar fora do país, mas não muito distante (no mesmo fuso horário) para que a gente possa torcer, mas também pensar mentalmente na nossa batalha um pouquinho mais à frente”.
 
Focar nas metas e contar com o apoio da família
 
Em casa, André cola as marcas que quer atingir em lugares como paredes, espelhos ou geladeira. Nas viagens, e na volta delas, o apoio é sempre da família. A mãe, Tânia, e o pai, Carlos, estão entre as suas referências. “Costumo levar algumas imagens comigo, imagens de família. E na carteira sempre tenho a foto daquele que é a minha melhor medalha, que é meu filhote (Leonardo). É ele que me acompanha, me trouxe de novo ao esporte e me traz cada vez mais alegria".
 
Diminuir a pressão nas competições
 
Na piscina a ordem é usar a estratégia que já deu certo na preparação de Londres 2012: diminuir a pressão nas competições ao longo do ciclo Paralímpico. “Comecei a pegar raias do canto da piscina sem me preocupar”, revela. Segundo ele o objetivo era participar das provas com o seguinte pensamento: “bom, ok, tenho o recorde mundial, mas pouco importa. São oito atletas disputando três lugares no pódio”. No momento de entrar em ação, nenhum ritual muito elaborado. “Tenho minhas manias durante uma competição como usar fone nos ouvidos ou ficar com gorro na cabeça (antes de competir)", conta André.
 
Não confundir adversário com inimigo e saber se divertir
 
O nadador separa o que acontece dentro da piscina e fora dela. Segundo ele, os adversários ­­- como o brasileiro Phelipe Rodrigues, o russo Dmitry Grigoryev, o ucraniano Denis Dubrov e o canadense Benoit Huot – precisam ser superados dentro d’água, mas, fora dela, são amigos. “Para mim, cada grande competição é uma grande festa. Sem amigos, sem um traje de gala, no caso óculos e touca, as pessoas não podem se divertir. Eu estarei me divertindo com meus amigo, apesar de serem meus adversários".
 
Um fator sem controle
 
André só não controla um fator na sua preparação: a torcida. Ele espera que os brasileiros façam a sua parte e venham apoiar os atletas da casa nos Jogos Rio 2016. “Em Londres a gente teve casa cheia. Em Pequim a gente teve estádio cheio, pessoas torcendo. Isso faz a diferença”, garante. “Fazendo uma analogia com o futebol, eu espero que a torcida seja nosso 12º jogador”. Em contrapartida, o nadador garante empenho. “Estaremos lá nos doando ao máximo, dando o melhor possível, brincando quando pode brincar, sangrando se tiver de sangrar, mas trazendo um bom resultado, um resultado positivo para a gente".
 
Veja Também: 
 

Eventos esportivos / Entidades Mundiais

Curta - EA no Facebook