O Brasil a 100 dias dos Jogos Olímpicos

Evento-teste de basquete, na Arena Carioca 1 / Foto: Miriam Jeske/Brasil2016.gov.br

Rio de Janeiro - Se a medida for o suor necessário aos atletas na reta final de preparação, 100 dias é tempo que não acaba mais. "Ainda tem muita dor de treino para sentir até lá", resume o experiente nadador Thiago Pereira. A caminho de sua quarta edição de Jogos Olímpicos, o medalhista de prata nos 400m medley em Londres (2012) sabe, também, que 100 dias passam incrivelmente rápido quando o referencial é mais amplo.
 
"Se a gente voltar lá em 2009, quando a gente ganhou a votação, parece uma piscada de olhos. Na verdade, parece que Atenas, minha estreia nos Jogos, em 2004, foi ontem. E agora já vou como um dos mais experientes. Mas o fato é que tenho certeza de que serão grandes Jogos", comentou o maior detentor de pódios da história dos Jogos Pan-Americanos, com 23.
 
Seja qual for o olhar sobre a ampulheta que mede o tempo até a Cerimônia de Abertura, em 5 de agosto, contudo, já é bem plausível vislumbrar como será a experiência dos primeiros Jogos da América do Sul. O Parque Olímpico da Barra, principal área de competição, está com as obras 98% finalizadas (veja um detalhamento obra a obra no fim do texto). A área de 1,18 milhão de metros quadrados receberá 16 modalidades.
 
A obra foi feita a partir de duas parcerias. Uma Público-Privada, entre a Prefeitura do Rio e a concessionária Rio Mais, permite a construção e manutenção (por 15 anos) da infraestrutura do Parque Olímpico, além das Arenas Cariocas 1, 2, e 3, do Centro Principal de Mídia (MPC), do Centro Internacional de Transmissão (IBC) e do hotel. Para o Estádio Aquático, o Centro de Tênis, o Velódromo e a Arena do Futuro, o Governo Federal aportou recursos e a prefeitura foi responsável pela execução. São mais de R$ 379 milhões federais.
 
"O Brasil aprendeu muito com os Jogos Pan-Americanos de 2007 e com a Copa de 2014. Chegamos a 100 dias dos Jogos muito bem, com as obras praticamente prontas, com apenas detalhes a serem vistos. A avaliação do Comitê Olímpico Internacional (COI) é muito boa e não há dúvidas se vai haver ou não a entrega de equipamentos. Os estádios estão prontos. Penso que estamos muito bem", afirmou o ministro do Esporte, Ricardo Leyser.
 
Das nove instalações que compõem o Parque Olímpico da Barra, sete serão mantidas pós-2016: as arenas cariocas 1, 2 e 3, o Parque Aquático Maria Lenk, a Arena Rio, o Velódromo e o Centro de Tênis. A Arena do Futuro, que está sendo erguida com recursos do Ministério (R$ 133,4 milhões), terá sua estrutura desmontada para a construção de quatro escolas públicas após os Jogos. Assim como o Estádio Olímpico de Esportes Aquáticos (investimento de R$ 217,1 milhões), que será desmontado em três estruturas, destinadas a localidades no Rio de Janeiro, a serem definidas.
 
Termômetro essencial - Nos últimos meses, uma profusão de 39 eventos-teste indicou acertos e ajustes necessários para que em agosto tudo saia de acordo com o figurino em agosto e setembro. Esquemas de segurança, traslado de atletas, qualificação de voluntários, sistema de resultados, cronometragem, qualidade do piso e dos materiais esportivos, climatização, suprimento de energia. A lista de tópicos que passam pelo crivo da organização é extensa. 
 
"Mobilizamos aproximadamente 1.600 funcionários do staff do Rio 2016, além de 12 mil voluntários. Somados, são quase 320 dias de atividades e 39 eventos realizados. Serão 40 agora no fim de semana, com o final do handebol. Faltam quatro para terminar. Foi uma jornada muito boa", disse Gustavo Nascimento, diretor de gestão de instalações do Comitê Rio 2016. "É óbvio que são testes, há falhas e problemas. Ninguém quer atrasar uma competição ou que nada dê errado, mas se der errado queremos garantir que teremos tempo para que nos Jogos não dê. O resultado final nos deixou muito satisfeitos", afirmou.
 
Ampliação em Deodoro - Outro Parque Olímpico importante, o de Deodoro, será sede de 11 modalidades. Como recebeu os Jogos Pan-americanos de 2007 e os Jogos Mundiais Militares de 2011, a área militar já tinha 60% das áreas de competição permanentes construídas. As intervenções de modernização são coordenadas pela Prefeitura e realizadas com recursos do Governo Federal. As novas instalações estão todas concluídas. Incluem a Arena da Juventude, o Circuito de Canoagem Slalom, o percurso de Mountain Bike, o Estádio de Deodoro e a pista de BMX.
 
O Ministério do Esporte destinou R$ 825,4 milhões para as reformas em instalações já existentes, como o Centro Nacional de Tiro, Centro Nacional de Hipismo, Centro de Pentatlo e Centro de Hóquei sobre Grama - e a construção dos novos locais. Desde o Pan de 2007, a região já recebeu mais de 300 eventos esportivos nacionais e internacionais.
 
Estádio Olímpico - Palco do atletismo, considerado por muitos o esporte símbolo dos Jogos, o Engenhão passa por ampliação desde o fim de 2015. Estão sendo realizadas melhorias na iluminação, nas áreas das competições de saltos, arremessos e lançamentos, e intervenções para atender requisitos de transmissão e operação. Também haverá renovação do material sintético da pista de atletismo, instalação de bebedouros, construção de banheiros acessíveis nas áreas médicas e adequações de acessibilidade. A capacidade será ampliada para 60 mil lugares, com 15 mil temporários. O evento-teste do atletismo está previsto para maio.
 
Nacionalização dos efeitos - Os Jogos são no Rio de Janeiro, mas a perspectiva de investimentos do governo federal tem abrangência nacional. Os investimentos, superiores a R$ 4 bilhões, têm proporcionado a construção e a consolidação de uma Rede Nacional de Treinamento, com unidades que beneficiarão brasileiros em todas as regiões, contribuindo para a formação de novas gerações de atletas.
 
Somente o investimento em infraestrutura física ultrapassa a marca de R$ 3 bilhões. São recursos destinados à construção de centros de treinamento de diversas modalidades, 249 Centros de Iniciação ao Esporte (CIEs), 47 pistas oficias de atletismo e instalações olímpicas no Rio de Janeiro (RJ).
 
Durante a realização dos Jogos, a delegação brasileira e as equipes estrangeiras terão instalações esportivas modernas para os períodos de treinamento. O Ministério do Esporte está investindo R$ 207,5 milhões em construção, reformas e adaptações em unidades militares e na Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ. Após 2016, essas instalações, que atenderão a diversas modalidades olímpicas e paraolímpicas, serão incorporadas à Rede Nacional de Treinamento.
 
Os investimentos em unidades militares estão sendo feitos no Centro de Capacitação Física do Exército (CCFEx), na Escola Naval, na Universidade da Força Aérea (Unifa), no Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes (Cefan) e no Clube da Aeronáutica (Caer).
 
O objetivo da Rede é interligar as instalações esportivas e oferecer espaço para detecção de talentos, formação de categorias de base e treinamento de atletas e equipes, com foco em modalidades olímpicas e paraolímpicas. Também pretende aprimorar e permitir o intercâmbio entre técnicos, árbitros, gestores e outros profissionais do esporte.
 
Variedade e excelência  -Para a construção dos centros de treinamento (CTs), o Ministério do Esporte está investindo mais de R$ 450 milhões. Entre os CTs já entregues estão o Centro Pan-Americano de Judô, em Lauro de Freitas (BA); a Arena Caixa de Atletismo, em São Bernardo do Campo (SP); o Centro de Excelência em Saltos Ornamentais, em Brasília (DF); a pista do Velódromo de Indaiatuba (SP); e o Centro de Canoagem, em Foz do Iguaçu (PR). O Centro Pan-Americano de Judô é o maior centro de treinamento da modalidade das Américas e um dos maiores do mundo. O Centro de Excelência em Saltos Ornamentais, em Brasília (DF), é o mais moderno do país
 
Fazem parte dessa rede, ainda, o Centro Paralímpico Brasileiro, que comportará 15 modalidades, em São Paulo (SP); o Centro de Formação Olímpica do Nordeste, para 26 modalidades, em Fortaleza (CE); o Centro de Desenvolvimento do Handebol, a ser inaugurado em São Bernardo do Campo (SP); o Centro de Treinamento do Ciclismo, em Londrina (PR), as seis pistas de BMX, em fase de construção, em seis cidades; o Centro de Hipismo, em obras, na cidade de Barretos (SP); o Complexo Esportivo de Badminton, em obras em Teresina (PI); e o Centro Nacional de Treinamento do Atletismo, em construção em Cascavel (PR).
 
Equipamentos e pistas - O Ministério do Esporte está destinando R$ 301,8 milhões para construção de 47 pistas oficiais de atletismo. Já foram entregues 17 pistas, instaladas em todas as regiões do país. A reforma, a construção, a equipagem e a operação de pistas oficiais de atletismo no país resultam da parceria do Ministério com governos estaduais, prefeituras, universidades, Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e clubes. As pistas são legado dos Jogos Rio 2016 e integrarão a Rede Nacional de Treinamento de Atletismo que vai desenvolver a modalidade, interligar centros de treinamentos e capacitar recursos humanos.
 
Os investimentos em infraestrutura esportiva no país também contemplam a aquisição de aparelhos e materiais para diversas modalidades. A compra é resultado de convênios da pasta com entidades esportivas como Confederações, Federações e clubes. Com os novos e modernos equipamentos, criam-se núcleos de formação de base nos estados, onde os jovens convivem e treinam com os atletas das seleções.
 
Com a compra de equipamentos, foram beneficiados centros de treinamentos já existentes em diversas cidades, como o de Lutas Associadas, do Taekwondo e da Esgrima, todos no Rio de Janeiro (RJ), e do Tiro com Arco, em Maricá (RJ). Somam-se a eles 16 centros de treinamento de ginástica em 13 cidades, entre elas, o Centro de Excelência de Ginástica (Curitiba/PR), o Centro Regional de Ginástica do Distrito Federal, o Centro de Treinamento de Ginástica, (Porto Alegre/RS), o Centro Olímpico do Espírito Santo (Vitória/ES), o Centro Nacional de Treinamento de Ginástica Rítmica (Aracaju/SE) e o Centro Regional de Ginástica de Trampolim (Goiânia/GO). Também foram equipados seis centros de treinamento de Tênis de Mesa olímpico e paralímpico, em seis cidades (Brasília, Piracicaba, São Caetano do Sul, São Bernardo do Campo, São Paulo e Santos) e 29 quadras de basquete em ginásios e clubes.
 
Bolsa Atleta - Como carro-chefe do apoio federal aos atletas brasileiros, o programa Bolsa Atleta completou, em 2015, dez anos, com mais de 43 mil bolsas concedidas desde 2005. Em 2015, mais 6.131 atletas de modalidades olímpicas e paralímpicas foram contemplados, e outros 1.001 de modalidades não-olímpicas. Na década, os investimentos ultrapassam R$ 600 milhões, o que confere à política pública o posto de maior programa de patrocínio esportivo individual e direto do mundo.
 
Com a escolha do país como sede olímpica e paralímpica em 2016, o governo federal criou, em 2012, a mais alta categoria do programa, a Bolsa Pódio, destinada a atletas com chances de disputar medalhas nos Jogos Rio 2016. Atualmente, 246 atletas de modalidades individuais (olímpicas e paralímpicas) são patrocinados com bolsas que variam de R$ 5 mil a R$ 15 mil.
 
A Bolsa Pódio é uma ação do Plano Brasil Medalhas pelo qual o Ministério do Esporte e empresas estatais também apoiam mais 179 atletas de modalidades coletivas (olímpicas e paraolímpicas). Os recursos do Plano já somam investimentos de superiores a R$ 328 milhões. Os convênios permitiram, além da aquisição de equipamentos modernos, expressivo investimento na preparação de atletas de alto rendimento (participação em competições e treinamentos no país e no exterior), identificação e formação de novos talentos e contratação de equipes multidisciplinares.
 
O impacto da Bolsa Atleta foi medido nos Jogos de Toronto 2015, principal competição multiesportiva de 2015 para as equipes que vão disputar os Jogos Olímpicos e os Jogos Paraolímpicos de 2016 no Rio de Janeiro. Dos 862 atletas convocados para o Pan-Americano e Parapan-Americano de Toronto, 675 são apoiados pelos programas do governo federal, o que correspondeu a 78,4% das delegações.
 
Das 141 medalhas conquistadas pelo Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, 121, ou 85,8%, vieram de atletas e equipes que recebem bolsas do governo federal. Ao todo, 243 medalhistas são bolsistas, entre os 303 atletas brasileiros que subiram ao pódio na competição.
 
Já nos Jogos Parapan-Americanos, o Brasil se consolidou como a primeira potência das Américas e fortaleceu os planos rumo à classificação entre os cinco primeiros nos Jogos Paraolímpicos do Rio em 2016. Pela terceira vez seguida, os brasileiros ficaram em 1º lugar no quadro geral de medalhas. Das 257 medalhas no Parapan, 254 foram conquistadas por bolsistas do governo federal, o que corresponde a 98,8% do total. Dos 215 atletas medalhistas, 199, ou 92,5%, são bolsistas.
 
Ciências do Esporte - O governo brasileiro apostou, ainda, em investimentos em ciência e tecnologia voltados para o esporte para oferecer aos atletas que defendem o país melhores condições de treinamento. Exemplo disso é o Centro de Pesquisa em Ambiente Simulado, resultado de uma parceria entre o Ministério do Esporte e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Por meio de um convênio no valor de R$ 1,2 milhão, foi adquirida câmara de simulação de condições climáticas e de uma esteira de alta performance. A ideia é oferecer um ambiente semelhante ao que os atletas encontrarão em determinada competição, como forma de preparação e adaptação, além de realizar teste de desempenho de trajes, medicamentos e materiais esportivos.
 
O centro conta ainda com o Laboratório de Hipoxia e Ambiente Limpo, que auxilia atletas com doenças respiratórias ou alérgicas, e de Nutrição Experimental, responsável por testar os componentes nutricionais necessários ao atleta em cada tipo de ambiente, calculando o melhor uso, por exemplo, de suplementos e da hidratação.
 
Laboratório de Pesquisa em Ambiente Simulado, na Universidade Federal de Santa Maria (RS): único na América Latina que permite simulação de condições de temperatura, umidade e altitude, com variações de 0 a 9.000 metros de altitude, - 40ºC a + 50ºC de temperatura e umidade de 14% a 90%.
 
Controle de Dopagem - A construção da nova sede do Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD), instalado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), recebeu R$ 151,3 milhões do Governo Federal (R$ 112,7 milhões do Ministério do Esporte e R$ 38,5 milhões do Ministério da Educação). Além disso, foram investidos outros R$ 74,6 milhões na compra de equipamentos e materiais para a operação do laboratório, que foi reacreditado pela Agência Mundial Antidopagem, a WADA, sigla em inglês, em maio de 2015, passando a ser o 34º do mundo credenciado pela instituição e o segundo da América do Sul. O outro fica em Bogotá, na Colômbia.
 
O laboratório já foi bastante exigido em 2015 e continuará a realizar exames durante os eventos-teste previstos para acontecer até o início dos Jogos Rio 2016. O LBCD também já começou a trabalhar com o passaporte biológico em 37 atletas brasileiros, processo que permite o acompanhamento do padrão de sangue ou urina ao longo de um período maior de tempo.
 
A tecnologia do controle de dopagem é a mais sofisticada possível, e cadeias produtivas de vários setores dependem de análises químicas qualificadas como as que são desenvolvidas para essa finalidade. O Brasil, portanto, ganhará conhecimento técnico-científico, porque o LBCD, além de fazer análises de sangue e urina para identificar dopagem, continuará atuando em pesquisas científicas e tecnológicas em diversas áreas, no ensino acadêmico e na formação de profissionais especializados.
 
Tour da Tocha - Antes de iniciar o revezamento oficial no Brasil, em 3 de maio, a tocha olímpica fez um tour pela Grécia. Nesta quarta-feira (27.04), o Brasil passa a ser oficialmente o responsável pelo símbolo olímpico, em cerimônia que será realizada no Estádio Panatenaiko, sede da abertura dos primeiros Jogos da Era Moderna, em 1896.
 
Durante o trajeto em terras brasileiras, a tocha será carregada por cerca de 12 mil pessoas, além de voar 10 mil milhas pelo país. Ela passará por 83 municípios escolhidos como "cidade celebração": em cada um desses locais haverá um grande evento, que inclui show musical nacional e outras atrações. Todas as capitais estão incluídas na lista.
 
O revezamento será feito, além dos carregadores, por um comboio de veículos, que deve passar por cerca de 500 localidades: 300 cidades receberão o revezamento propriamente dito e outras 200 assistirão à passagem do comboio com a chama exposta. O circuito foi definido levando em conta critérios logísticos, turísticos e culturais. Além de envolver o povo brasileiro no aquecimento para os Jogos, a ideia do revezamento é contar histórias de todos os lugares do Brasil e servir como um legado de inspiração para as gerações futuras.
 
 

Eventos esportivos / Entidades Mundiais

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