Parque Olímpico ganha maquete tátil a 500 dias para os Jogos

A maquete tátil / Foto: EOM / Divulgação

Rio de Janeiro - Para comemorar o marco de 500 dias para os Jogos Paraolímpicos de 2016 (celebrado no domingo, 26.04), a Prefeitura do Rio lançou, nesta segunda-feira (27.04), no Instituto Benjamin Constant (IBC) – tradicional instituição de ensino para deficientes visuais –, a maquete oficial da instalação que é considerada o coração dos Jogos de 2016: o Parque Olímpico.
 
A maquete tem área de 1,3 metro quadrado, enquanto o Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, ocupa uma área de 1,18 milhão de metros quadrados. A escala utilizada é de 1 para 750. O Parque Olímpico, cujas obras são realizadas pela Prefeitura do Rio, por meio da RioUrbe e da Empresa Olímpica Municipal (EOM), receberá disputas de 16 modalidades olímpicas e nove paralímpicas.
 
Estão representados na obra, que tem formato triangular, como o terreno do Parque Olímpico, as nove arenas esportivas (Arenas Cariocas 1, 2 e 3, Arena do Futuro, Estádio Aquático, Centro de Tênis, Velódromo, Parque Aquático Maria Lenk e Arena Rio), o Centro Principal de Imprensa (MPC), o Centro Internacional de Transmissão (IBC), o hotel e o Live Site. Para ajudar na localização do terreno também foram representados elementos do entorno imediato, como a Lagoa de Jacarepaguá, a Avenida Embaixador Abelardo Bueno e estações de BRT.
 
O principal diferencial da maquete tátil, que foi feita em dois meses, é permitir a percepção espacial do Parque Olímpico por deficientes visuais. Através do toque é possível compreender o espaço do Parque, os locais onde acontecem as práticas esportivas e gerar mentalmente uma imagem.
 
“Com a maquete, o público poderá conhecer o Parque Olímpico em uma versão fiel reduzida, real e não virtual. Maquete é lúdica, atinge criança, adulto, todo mundo. E no caso de uma maquete tátil, mais ainda, pois inclui os deficientes visuais, que conseguirão sentir o Parque pelo tato, perceber a Via Olímpica, as ruas, a lagoa, a vegetação, os volumes...”, afirma Joaquim Monteiro, presidente da Empresa Olímpica Municipal (EOM).
 
A ideia de desenvolver a maquete surgiu após uma visita de deficientes visuais às obras do Parque Olímpico quando identificou-se a dificuldade do grupo em entender como é o Parque. Para viabilizar a maquete foi feita uma parceria com a Concessionária Rio Mais, responsável por parte das obras do Parque Olímpico.
 
Em 2007, o arquiteto Flávio Papi, dono da Papi Maquetes, criou para os Jogos Pan-Americanos uma maquete do Maracanã para estudo da cerimônia de abertura. Mas uma maquete tátil tem peculiaridades. “Uma maquete comum normalmente é muito delicada, pois tem uma capa protetora de acrílico. Já uma maquete tátil precisa ser mais resistente, pois é aberta e será tocada constantemente. São pequenas alterações não perceptíveis visualmente, mas que fazem a diferença. Os materiais utilizados são mais resistentes. As estruturas, por exemplo, não são coladas, e sim aparafusadas na base por baixo”, explica Papi.
 
A base da maquete é de madeira e MDF, os prédios e instalações olímpicas foram feitos em acrílico, chapa de PVC e madeira também. Na maquete é possível perceber diversas texturas para que haja o reconhecimento tátil dos diferentes elementos dos pisos, fachadas, vegetações, como por exemplo, a lisa (com tinta de verniz) usada no espelho d’água da Lagoa de Jacarepaguá, a lisa usada no asfalto e no cimento e a áspera, usada na área verde.
 
Para representar as árvores e arbustos, Papi e sua equipe utilizaram miçangas de tamanhos diferentes e esferas pequenas de plástico, que foram presas com pequenos pregos e alfinetes. A principal preocupação foi usar um material resistente e ao mesmo tempo seguro ao toque e não deixar pontas que pudessem machucar os deficientes visuais. Pensando nisso, alguns elementos foram eliminados, tais como a representação das pessoas e dos postes da maquete, que seriam muito finos e pontiagudos.
 
Já outros elementos tiveram sua espessura aumentada para possibilitar o reconhecimento ao toque, como marcações das quadras, corrimãos e as estruturas das coberturas do Estádio Aquático, Parque Aquático Maria Lenk e Velódromo. A questão da resistência também foi considerada no acabamento com o uso de tinta de pintura de piso em vez de tinta látex comum usada para pintar paredes. Outro recurso de acessibilidade da maquete são as placas de identificação das instalações e demais elementos do Parque Olímpico em Braille (em inglês e português), o sistema de leitura pelo tato, para deficientes visuais.
 
Deficiente visual desde os 5 anos e campeão brasileiro de futebol de cinco, Marcos Lima, da equipe do Comitê Rio 2016, contribuiu durante a execução do projeto para garantir que a maquete fosse adequada às necessidades dos deficientes visuais. “A nossa ideia é possibilitar que a pessoa com deficiência visual toque e sinta não apenas a posição de cada arena, mas também sua forma e construção. Eu, particularmente, amo maquete e miniaturas, tenho uma coleção em casa, pois é a forma como eu consigo ver o mundo. Esta maquete está mudando a minha forma de ver o Parque Olímpico e isso não é só pra mim. A gente espera que seja para todos os NPCs e NOCs (Comitês Paralímpicos e Olímpicos Nacionais) que vão visitar o Parque Olímpico durante sua construção e, principalmente, todos os cariocas, brasileiros e estrangeiros que vão estar no Parque Olímpico durante os Jogos”, comemora Marcos Lima.
 
A partir de hoje, a maquete ficará exposta por um mês no Instituto Benjamin Constant, aberta à visita do público. João Ricardo Figueiredo, diretor-geral do Instituto, destaca a importância dessa iniciativa para os deficientes visuais. “A oportunidade de termos uma maquete tão representativa do evento mostra a importância e o respeito dos organizadores dos Jogos com as pessoas com deficiência visual, garantindo que a festa dos Jogos de 2016 seja realmente para todos. Desta forma, a inclusão sai da teoria acadêmica e ganha a sociedade, uma inclusão verdadeiramente social. A abertura ao público desta maquete no Instituto Benjamin Constant fortalece o compromisso desta Instituição com as pessoas com deficiência visual, buscando e conquistando, há 160 anos, seus espaços dentro da sociedade brasileira”.
 
Depois do período de exposição no Instituto Benjamin Constant e antes de ser transferida para a sede da Empresa Olímpica Municipal e do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016, onde será atração junto às marcas olímpica e paraolímpica, a maquete será apresentada aos alunos das três unidades dos Ginásios Experimentais Olímpicos (GEOs) –  Felix Mielli Venerando, no Caju; Dr. Sócrates, em Pedra de Guaratiba; e Juan Antonio Samaranch, em Santa Teresa.
 
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