Primeira americana a competir de véu, Ibtihaj quer ser referência das minorias

Ibtihaj Muhammad / Foto: Getty Images / Ezra Shaw

Rio de Janeiro - Tudo teria sido muito mais fácil para Ibtihaj Muhammad se ela tivesse simplesmente se rendido ao Ocidente e tirado o céu que cobre seus cabelos para realizar o sonho de participar de uma Olimpíada. Mas a americana optou por outro caminho. 

As pretensões da muçulmana da esgrima, fortes como sua religião, a levaram a, mesmo do jeito mais difícil, competir na Rio 2016. E não só isso: ela será a primeira americana a disputar o maior evento esportivo do mundo com seu véu. 

Parece pouco, mas o pioneirismo de Ibtihaj pode se tornar referência para muitas minorias. E é exatamente isso o que ela deseja. "Eu me lembro quando era criança, que pessoas me diziam que não iria longe no meu esporte por conta da minha cor de pele. Se eu puder ser a imagem das minorias, para que eles se vejam no esporte, me sentiria muito orgulhosa disso", afirma a jovem, em reportagem do Globoesporte.com. 

Ibtihaj Muhammad / Foto: Getty Images / Ezra Shaw

O hijab, como é chamado o véu usado por mulheres muçulmanas, não impediu que ela lutasse dentro do seu esporte para ganhar os holofotes num cenário tão competitivo no mundo do esporte como é o americano. 

Além de tudo, a esgrimista espera, na Rio 2016, conseguir naturalizar sua opção religiosa, alvo de tantos comentários maldosos e generalizadores, sobretudo em tempos de terrorismo e ameças diárias.

"Não é fácil falar do ambiente político que vivemos agora. Eu espero mudar a imagem que as pessoas podem acabar tendo dos muçulmanos. Espero que possamos mudar um pouco as nossas direções, ver os muçulmanos de uma forma mais positiva, tentar combater a imagem negativa que é mostrada muitas vezes", afirma a muçulmana de origem africana. 

Ela, que é contra a eleição do republicano Donald Trump - que tem em sua plataforma de promessas proibir a imigração muçulmana para os EUA -, chegou a comentar o cenário político do país e o ódio à sua religião.

"Acho que algumas pessoas têm uma imagem muito limitada do que o islamismo é, e eu quero mudar isso. Quero que as pessoas vejam, principalmente nos Estados Unidos, que as pessoas têm diferentes cores, tamanhos, viemos de lugares muito diferentes", emenda Ibtihaj. 

A americana tem ainda a tarefa de combater o machismo institucionalmente presente. "Espero que minha participação mude essa ideia de que meninas não podem participar do esporte. Eu vejo o que o esporte fez para mim e para a minha vida, como está mudando minha vida para melhor, e espero ver mais meninas envolvidas no esporte. Não foi fácil ser uma minoria envolvida no esporte. Não é fácil", conclui. 

Ibithaj tem resultados expressivos no mundo da esgrima. Ela, que luta na categoria sabre, tem quatro medalhas de bronze em mundiais, na disputa individual (2011, 2012, 2013 e 2015), além de ter sido campeã na edição de 2014. Ela disputará sua primeira Olimpíada e ocupa atualmente a 8ª posição no ranking mundial. 

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