Rio intensifica recolhimento de mendigos perto de Olimpíadas

Moradora de rua / Foto: Catarina Fernandes / João Porfírio

Rio de Janeiro - No ano que vem, meses antes do início dos Jogos Olímpicos Rio 2016, a prefeitura da cidade abrirá quatro novos albergues públicos - além de reformar outros - para "acolher" a população moradora de rua. 
 
O termo estar entre aspas se justifica porque, oficialmente, este é o discurso da gestão Eduardo Paes, acolhimento para oferecer aos mendigos da cidade maravilhosa uma chance de "retomarem sua trajetória de vida". 
 
Para o sociólogo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Dario Sousa e Silva Filho, ouvido por uma reportagem do UOL Esporte, os relatos dos moradores de rua a respeito dessa estratégia são alarmantes e levam a crer que tudo não passa de uma higienização. 
 
O morador de rua Fernando José de Oliveira, de 43 anos, corrobora os boatos de que houve, antes da Copa do Mundo, recolhimento forçado, o que ele chamou de "sequestro" por parte dos agentes da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS), responsável por essa questão no Rio. À época, 669 mendigos foram levados para abrigos dias antes do início do campeonato da FIFA.
 
"Vi colega que foi acordado por guarda municipal. Quando percebeu, já estava com tudo o que tinha na van da prefeitura. O pegaram pelo braço e ele teve que ir para o abrigo", relata. 
 
De acordo com nota oficial da SMDS, porém, "não há nem nunca houve, na cidade do Rio de Janeiro, uma política de higienização, com a retirada de pessoas em situação de rua em função da Copa do Mundo ou de qualquer outro evento".
 
Para o sociólogo, porém, a situação ilegal de se recolher alguém da rua contra sua vontade pode ser enfrentada se a população se mostrar insatisfeita. "Se não houver uma mobilização social e um acompanhamento da iniciativa, há uma possibilidade grande de desrespeito dos direitos da população de rua", conclui.
 
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