Tiro com arco é destaque na passagem da tocha por Pato Branco

Antônio Basso (E) produz arcos para a prática esportiva / Foto: Francisco Medeiros / brasil2016.gov.br

Rio de Janeiro - No Dia Nacional do Bombeiro, o fogo olímpico foi recebido em Pato Branco (PR) com centenas de pessoas no percurso de 13 quilômetros. Até o frio deu uma trégua: neste sábado (02.07), o sudoeste do Paraná se sentiu aquecido com a chegada da tocha. Além dos bombeiros, esportistas e industriários foram homenageados ao longo da rota que contou com 46 condutores na cidade. Com direito a postura de arqueiro no momento do beijo da tocha, família do tiro com arco da cidade representou em peso a modalidade que estará nos Jogos Olímpicos Rio 2016.

Mesmo com pouca visibilidade no Brasil, o tiro com arco teve nada menos que quatro condutores da chama, em Pato Branco, e todos de uma mesma família. Antônio, Janaína, Cristina e Ivan fazem parte da Arqueria Popygua. O projeto é um sonho antigo do pai Antônio Basso. Apaixonado pela modalidade desde criança, por influência dos índios da região, Basso teve a grande ideia de parar de fabricar toboáguas e derivados da fibra de vidro para se dedicar exclusivamente a produção de arcos esportivos. Criou sua empresa e escolheu o nome Popygua que significa relâmpago na língua indígena guarani.
 
O patriarca da família foi o primeiro a conduzir a chama olímpica e também o responsável pela paixão de todos pela modalidade. "Nem no meu mais remoto sonho me imaginei carregando uma tocha olímpica", confessa. Basso recebeu o fogo sério, com ar de quem ainda não estava acreditando, mas os gritos das pessoas em volta e a tocha na mão o fizeram perceber o momento que estava vivendo. "Quanta emoção. Foi maravilhoso, incrível", repetia ao fim dos 200 metros.
 
Basso lembra que o primeiro contato com o arco e flecha foi com os índios. "Eu ficava curioso e comecei a tentar fazer uns com varetinhas", recorda. Mas a primeira vez que viu um arco profissional foi em uma loja da cidade que vendia o equipamento. "Na época no interior não tínhamos acesso a tudo. Quando vi um deles na parede da loja, só sosseguei quando o segurei na mão", conta. A paixão sempre acompanhou o arqueiro amador, que desde muito novo tentava fabricar os próprios arcos. "Não imagina cada arco que saía", ri ao mostrar os primeiros modelos. Como já trabalhava com a mesma matéria prima, Antônio observou que poderia fabricar modelos semelhantes.
 
"Fazia tanques de lavar roupa, toboáguas e outros produtos. Pensei que daria certo fazer o que eu gostava. Por muito tempo fiz os dois. Até o dia que achei que o arco estava bom o suficiente e passei a fabricar apenas isso" diz. O processo de fabricação é todo artesanal e Basso leva em torno de oito dias para finalizar um arco. Indagado se valeu a pena a troca de produtos, a resposta sai fácil. "Eu fazia uma coisa para ganhar dinheiro, para o sustento da casa e, passei a fazer uma coisa que me dá prazer. As vezes pago para trabalhar, mas a satisfação com certeza é maior", comemora.
 
Autodidata, Antônio acredita que o mercado brasileiro ainda está engatinhando e sonha com um cenário diferente. "Hoje, todos os nossos atletas competem com material importado. Meu sonho é um arco nacional de qualidade e acessível, para que não precisem buscar fora". Ele também espera que a modalidade ganhe mais visibilidade e fala que está na torcida pela equipe brasileira durante os Jogos no Rio. "Estamos no ouvido do Marcus Vinícius: 'acerta, acerta na mosca, é no amarelo que você quer acertar", vibra.
 
A filha mais velha, Janaína Basso, se formou em educação física e assim como toda a família se assustou com a decisão do pai de passar a produzir sozinho arcos esportivos. "Antes de me formar, meu pai já fabricava arco e eles começaram a ficar bons e competitivos. Também larguei tudo e comecei a trabalhar nisto", revela. Por ser profissional da área, Janaína viu uma oportunidade no pioneirismo do pai. "Vender arco e um esporte que ninguém conhece não é fácil. Comecei a fazer cursos e a me especializar e agora dou aulas. Meu intuito como professora é fazer com que eles gostem e aprendam da forma correta", explica.
 
A dedicação ao tiro com arco fez com que a família vivesse um momento inesquecível. Todos os quatro participaram em sequência do revezamento, no bairro Pinheirinho, na cidade natal. Antônio passou a chama para a filha mais nova, Cristina, que acendeu a tocha da irmã Janaína. E não foi só a tocha que deu beijo em Pato Branco. Ivan, marido de Janaína, foi o último condutor da casa a receber o fogo e aproveitou para dar um beijo na esposa. "A tocha foi uma surpresa bem grande. É uma emoção principalmente para quem trabalha na área de esportes. Acho que ela vai trazer bons frutos para o futuro, não só para o tiro com arco. Que todos os esportes possam crescer junto com a Olimpíada", acrescenta.
 
Sobre a modalidade, Janaína acredita que desde o anúncio dos Jogos no Brasil o tiro com arco tem sido mais procurado.. "As próprias escolas começaram a nos procurar e viram que é um esporte legal para qualquer idade. Não é uma modalidade que você assiste na tv aberta, mas hoje com a facilidade do YouTube sempre temos a chance de ver competições", observa a professora que deixou sua torcida para a seleção brasileira. "Boa sorte para a nossa equipe e estaremos de olho esperando uma medalha", sonha.
 
No Rio de Janeiro, as competições de tiro com arco acontecem entre os dias 6 e 12 de agosto, no Sambódromo. O Brasil nunca conquistou uma medalha olímpica na modalidade que apareceu pela primeira vez nos Jogos Olímpicos em 1900, em Paris. Na ultima etapa da Copa do Mundo da Turquia, em junho, a seleção brasileira ficou com o quarto lugar dando mostras que pode fazer mais uma surpresa, desta vez em casa.

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