A despolitização dos Jogos na Era Moderna é assunto na ONU

O Muro da Trégua Olímpica existe desde 2000, reunindo assinaturas de representantes das nações como símbolo de respeito, inclusão e tolerância  / Foto: Getty Images / Scott Halleram

Rio de Janeiro - Mais do que uma oportunidade para a transformação pessoal dos atletas, o esporte também pode ser uma importante ferramenta da paz mundial. Inspirada pela tradição criada para os Jogos Olímpicos da Antiguidade, quando guerras eram suspensas para permitir a viagem dos atletas à cidade grega de Olímpia, a trégua Olímpica hoje integra a agenda da Assembleia Geral das Nações Unidas a cada dois anos, intervindo pela paz e pelo esporte às vésperas de cada nova edição do maior evento esportivo do mundo.

Mas o que antes era um acontecimento pontual na Grécia, hoje se tornou um grande movimento internacional. Projetos paralelos de continuidade são criados em todas as edições, utilizando os valores Olímpicos em prol do desenvolvimento e colaboração internacional ao redor do mundo. 
 
A proposta do Rio 2016 será apresentada na próxima segunda-feira (26), na 70ª Assembleia Geral da ONU. Para entender a importância deste marco, entenda o que significa a trégua Olímpica nos Jogos Olímpicos da Era Moderna:
 
A missão diplomática
 
Tudo (re)começou em 1992, quando o Comitê Olímpico Internacional (COI) fez um apelo às Nações Unidas (ONU) em nome da trégua Olímpica para facilitar a participação dos atletas da Iugoslávia nos Jogos Barcelona 1992. No ano seguinte, às vésperas dos Jogos de Inverno Lillehammer 1994, a primeira resolução da trégua foi aprovada na 48ª Assembleia Geral da ONU.
 
Desde então, a tradição se mantém: a cada dois anos, antes do início dos Jogos Olímpicos de Verão e Inverno, o presidente da ONU faz um apelo solene aos países-membros da organização. A resolução proposta é intitulada “Construindo um mundo pacífico e melhor por meio do esporte e do ideal Olímpico”, e tem como objetivo proteger os atletas e o esporte durante as competições, além de encorajar soluções diplomáticas para conflitos ao redor do mundo. O texto é reescrito a cada edição do evento, fruto de uma parceria entre o COI, o Comitê Organizador daquela edição dos Jogos e o Escritório do Esporte pelo Desenvolvimento e pela Paz (USNOSDP) da ONU.
 
Na prática, a resolução pede a paralisação dos conflitos no período entre sete dias antes da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos até sete dias depois da cerimônia de encerramento dos Jogos Paralímpicos. As nações que concordam assinam o documento – Londres 2012 foi a primeira edição dos Jogos que conseguiu 100% de adesão dos países-membros da ONU.
 
Apesar de não encerrar definitivamente os conflitos, a trégua abre precedentes para que sejam reiniciadas eventuais negociações diplomáticas e que seja enviada ajuda humanitária para a população, o que muitas vezes é decisivo para salvar vidas.
 
Foi o que aconteceu em 1994, quando, após a ONU escrever aos chefes de estado sobre a trégua Olímpica, o COI enviou uma delegação à cidade de Sarajevo, sede da edição dos Jogos de Inverno de 1984, que vivia uma guerra civil pela dissolução da extinta Iugoslávia. A incursão visava a alertar ao mundo sobre o conflito nos Balcãs, mas também promover uma pausa para que a população fosse atendida – estima-se que aproximadamente 10 mil crianças foram vacinadas em um único dia. O mesmo apelo contribuiu ainda para um cessar-fogo na guerra entre Exército Popular de Liberação Sudanês e seu governo, e para a suspensão do conflito armado da Geórgia com a Abecásia.
 
Outro momento marcante da história da trégua Olímpica na Era Moderna aconteceu no ano 2000, quando um parágrafo sobre a iniciativa foi incluído na Declaração do Milênio, assinada por 150 países e apoiada por diferentes personalidades mundiais, como Nelson Mandela, Bill Clinton, Roger Moore, representantes da Igreja Católica e da Igreja Ortodoxa Grega e mais de 400 chefes de Estado.
 
Mas o que acontece fora do período dos Jogos?
 
O papel do esporte na promoção da paz não está restrito a alguns dias de trégua. De modo a fazer com que o desenvolvimento pelo esporte não seja uma ação restrita a cada Olimpíada (ou ciclo de quatro anos), uma série de projetos de continuidade, geralmente ligados a questões sobre igualdade de gêneros, desenvolvimento da juventude, saúde, inclusão e paz são desenvolvidos.
 
Desde 2000, o Centro Internacional da Trégua Olímpica, fundado pelo COI, tem a missão de promover perpetuamente os ideais Olímpicos a serviço da paz a partir de iniciativas educacionais e esportivas de estímulo à colaboração internacional.
 
Os Comitês Organizadores também desempenham um importante papel neste sentido, com ações específicas de promoção da paz por meio do esporte sendo criadas a cada edição. Em Londres 2012, por exemplo, o programa "Inspiração Internacional" beneficiou mais de 12 milhões de jovens em 20 países.
 
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