Catar usa poder financeiro para atrair e naturalizar atletas

Prédios modernos na baía de Doha, no Catar / Foto: Wander Roberto / Inovafoto

Rio de Janeiro – Há alguns anos você tem ouvido falar cada vez com mais freqüência sobre um pequeno território do Oriente Médio chamado Catar. Seja pela conquista do direito de sediar a Copa do Mundo de 2022 – e todas as polêmicas advindas disso, como o clima e a denúncia de más condições de trabalho -, ou pelo poder financeiro do país. Dessa vez, um dos países mais ricos do mundo, segundo a Forbes, vem usando dessa premissa para atrair talentos do esporte.
 
Enquanto não possui uma geração de atletas vitoriosos e medalhistas olímpicos, o líder supremo da península opta por uma iniciativa simples e polêmica: comprá-los. Isso mesmo, os cataris atraem potenciais talentos e os naturalizam, como é o caso do brasileiro Jefferson Santos, do vôlei de praia, que está no país desde 2012. O atleta joga com um parceiro senegalês, e Julio, outro brasileiro, com um jogador da Gâmbia.  
 
“Eles me convidavam para jogar pelo Catar desde 2011. Em 2012 eu aceitei. Mas a situação no Catar não é fácil. Eles não tinham uma mentalidade profissional, até por não praticarem o esporte. Eu cheguei e comecei a ganhar os torneios e a organizar, mudar essa mentalidade lá. Então, eles começaram a buscar mais brasileiros para tentar formar times de vôlei de praia. Mas se você não ganha, eles te mandam embora. Eles são rigorosos no começo”, conta Jefferson.
 
A estratégia de atrair potenciais atletas olímpicos faz parte de um plano maior, de divulgar o país internacionalmente através do esporte. Para se ter idéia, a capital Doha recebeu mais de 100 eventos esportivos entre abril de 2014 e dezembro de 2015, incluindo o Mundial de Natação e uma etapa da Copa do Mundo de Ginástica.
 
O objetivo agora é colocar o país no mapa olímpico, e a meta é ousada: conseguir já seu primeiro ouro na Rio 2016. Uma academia inaugurada em 2005 e considerada hoje um dos mais modernos centros de treinamento no mundo, serve de isca para atrair bons esportistas. Jefferson conta, ao GloboEsporte.com, que seria um sonho jogar a Rio 2016 em casa, mesmo que não pelo Brasil.
 
“Os rivais reclamaram de mim. Alegavam que eu era brasileiro. Mas depois, tiveram que aceitar. Pelo ranking mundial, acho bem difícil conseguir a vaga no Rio 2016. Mas temos o continental da Ásia e da Oceania. Temos que ganhar o torneio em junho para conseguir a vaga. Jogar as Olimpíadas em casa seria um sonho. Eu sou do Rio, estaria praticamente em casa. Jogar com toda a minha família me vendo não teria preço”, declarou o jogador.
 
Nem o COI (Comitê Olímpico Internacional) nem o Catar divulgam o número de naturalizados mas a proporção pode passar de 50%, como na seleção do país no último mundial de handebol, em que nove dos 16 atletas eram naturalizados. Não à toa chegou à final e perdeu o ouro para a França, sendo que no mundial anterior havia sido eliminado ainda na fase de grupos, quando apenas dois eram naturalizados.
 
Não só no handebol, outros atletas naturalizados cataris foram ouro no Campeonato Asiático de Atletismo e de tiro. Se não conquistar seu tão sonhado ouro olímpico na Rio 2016, o Catar certamente não ficará sem ele em Tóquio 2020.
 
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