Estrelas revelam receita para brilhar em 2016

Sarah Menezes, com o ouro em Londres 2012, e Érika Miranda, no pódio no Mundial da Rússia 2014: Esforço recompensado / Fotos: Marcio Rodrigues / fotocom.net e FIJ / divulgação

Rio de Janeiro - Sagrar-se campeã mundial e chegar ao título de melhor do mundo, no caso da jogadora de handebol Duda Amorim; conquistar o ouro olímpico, como a judoca Sarah Menezes, ou uma medalha em Campeonato Mundial, como Érika Miranda; ou então colecionar medalhas em várias provas de atletismo em Mundiais e Jogos Paraolímpicos, rotina na carreira da velocista Terezinha Guilhermina. Essas situações são recompensas que, embora durem alguns segundos de consagração no pódio, resumem anos de dedicação, preparo psicológico, determinação e foco em resultados.
 
Em muitos casos, de forma alguma a conquista da glória sinaliza relaxamento. Pelo contrário. Há sempre outros objetivos a serem cumpridos e, nos casos de Duda, Érika, Sarah e Terezinha, o principal virá no ano que vem: os Jogos Rio 2016.
 
As quatro atletas fizeram parte do grupo de homenageadas nesta segunda-feira (9.2) pelo Dia Internacional da Mulher, comemorado no domingo, e participaram de uma cerimônia promovida pelo ministro do Esporte, George Hilton, em Brasília.
 
Foi um intervalo na rotina de treinos e tratamentos de lesões (no caso de Duda Amorim, que se recupera de uma cirurgia no joelho). Afinal, como afirmou Terezinha Guilhermina: “Dia da mulher são os 365 dias do ano, ou os 366, se for ano bissexto, porque a gente não pára nunca”.
 
Dietas rigorosas - Boa parte do sacrifício para chegar às medalhas mais sonhadas da carreira de qualquer atleta está na tolerância à dor, como ressalta a judoca Érika Miranda, bronze da categoria 52 kg no Mundial de Cheliabinsk 2014, na Rússia. “Dor faz parte da vida do atleta. É mais fácil dizer onde não doi: no cabelo!”, brinca.
 
Outra parte importante na rotina de sacrifícios é destacada por Sarah Menezes, dona primeiro ouro olímpico feminino do Brasil no judô, em Londres 2012, na categoria 48 kg. “Manter o peso é difícil. Não é só por eliminar tudo o que não é saudável. É pela pouca quantidade, é fome mesmo”, explica.
 
Sarah diz que os dois últimos anos foram os piores, porque não teve tanta facilidade em perder peso como anteriormente. E a boca fechada seguirá pelo próximo um ano e meio. Agora com 24 anos, Sarah só subirá de categoria depois dos Jogos Olímpicos Rio 2016.
 
Para Érika, mais experiente, com seus 28 anos, pior que fechar a boca é controlar o consumo de água. “Existem estudos dando conta de que é possível perder 2,5 kg de água antes de uma competição (ou 5% de cada categoria de peso). Para mim, desidratar um dia antes é muito difícil. Não se pode beber nada”, revela.
 
Busca pela perfeição - Eduarda Amorim, a Duda, admite seu “perfeccionismo dentro do jogo”. E só com essa busca pela perfeição ela pôde atingir seu objetivo de “ser atleta top, depois melhor da Europa, depois melhor do mundo”.
 
No momento, Duda está no Brasil e cumpre a rotina de seis horas diárias de fisioterapia exigidas na recuperação da cirurgia no joelho esquerdo para reconstrução do ligamento cruzado anterior. Uma pausa nas temporadas no exterior, já que a jogadora soma quase uma década defendendo times fora do país. “Para ser top, o melhor era jogar na Europa. Então, fui para lá em 2006, com 19 anos”, recorda.
 
Duda defendeu o Kemetal, da Macedônia, e está há três anos no Györy Audi Eto, da Hungria, onde chegou ao título da Liga dos Campeões e melhor jogadora do campeonato. “Queria ser a melhor armadora esquerda da Europa e cheguei a melhor do mundo. Estou no lucro!”, diz a sorridente Duda, de 28 anos e 1,86m.
 
A rotina não abre espaço para muitas folgas. Se não está na pré-temporada, trabalhando intensamente a parte física com corridas e peso, a brasileira está em campeonatos, períodos em que os treinos são mais técnicos e a parte física também é aprimorada na própria quadra. São dois períodos de treinamento por dia. “Não sei quantos jogos faço por ano. Uns 40 da Liga, acho que 60, 70... Mais a Seleção... É capaz de chegar a 100”, diz, admirada.
 
Tempo de recuperação - Para ter mais tranquilidade na recuperação da cirurgia, realizada em dezembro, Duda optou por trabalhar no Brasil, com Marina Calister, fisioterapeuta da Seleção Brasileira. “Na Europa, não teria tanta atenção do clube, porque é um time todo. Aqui, são cinco, seis horas na clínica e estou evoluindo bem. Agora não tenho tanta dor, já consigo flexionar o joelho e estou tratando da parte muscular. Está mais tranqüilo. Ainda não comecei a correr, mas já estou trotando”, detalha.
 
Também na parte psicológica, Duda passou por situações extremas e muito intensas, que a levou a superar grandes frustrações na caminhada que teve até experimentar uma alegria extraordinária. Esse é outro aspecto do sacrifício dos atletas na busca por suas medalhas olímpicas e mundiais: o trabalho para equilibrar a parte emocional.
 
Com a Seleção Brasileira, Duda esteve próxima das inéditas semifinais no Mundial de São Paulo 2011, quando a vitória escapou literalmente por segundos. Depois, “e mais doído”, foi perder a chance novamente de passar às semifinais, depois de se manter à frente da Noruega (campeã olímpica) durante boa parte da partida pelas quartas de final nos Jogos Olímpicos de Londres 2012. 
 
“Trabalhamos muito duro, parecia que tudo ia dar certo, e foi uma decepção”, lembra ao falar do Mundial e das Olimpíadas. “Mas a gente se recuperou. E então fomos campeãs mundiais (em 2013, na Sérvia, derrotando a própria Sérvia na final, diante de público recorde de 20 mil pessoas)”, diz, com orgulho.
 
Consagrada como campeã mundial e melhor do mundo, o foco de Duda é defender o título mundial do Brasil em dezembro, na Dinamarca. “Quero estar recuperada para ajudar a Seleção a conquistar uma medalha”, avisa.
 
Desafio constante - Esperança de pódio nos Jogos Paraolímpicos do Rio no atletismo, Terezinha Guilhermina corre provas de 100m, 200m e 400m tendo sempre ao lado seu guia, Guilherme.
 
Especialista em subir ao pódio, ela ressalta que as medalhas são fruto de uma intensa dedicação. “São de três a seis horas diárias, de segunda a sábado”, afirma Terezinha, que conquistou medalhas nas últimas três edições dos Jogos. Ela chegará ao Rio embalada pelo bronze nos 800m em Atenas 2004; o bronze nos 400m, a  prata nos 100m e o ouro nos 200m em Pequim 2008; e os ouros nos  100m e 200m em Londres 2012.
 
“A gente trabalha muito, mas de 2014 para 2015 ainda vamos aumentar a intensidade na preparação para o Mundial de Doha, no Catar, em outubro, porque será uma prévia dos Jogos do Rio 2016”, adianta a velocista, que hoje já sabe administrar ansiedade, após representar o Brasil em quatro edições de Jogos Paraolímpicos.
 
“Sei lidar com essas situações. Mas, em 2016, teremos mais pressão, pela disputa ser no Brasil. Meu principal desafio é me manter como melhor do mundo nas minhas provas. Esse é um desafio constante”, encerra Terezinha Guilhermina.
 
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