Há 2.800 anos, gregos promoviam trégua em prol dos Jogos Olímpicos

Nas urnas da Antiguidade clássica, motivos com atletas em paz, prontos para competir / Foto: Getty Images / Peter Macdiarmid

Rio de Janeiro - Por que os gregos criaram uma trégua Olímpica na Antiguidade? Porque, como suas cidades-estado viviam em guerra, era a única forma de atletas, espectadores e mercadores se deslocarem pelos territórios, a caminho dos Jogos Olímpicos, realizados no verão pós-colheitas, a cada quatro anos. A realização de edições entre os anos 776 a.C e 393 d.C. é atestada por documentos e objetos.

Essa trégua é hoje apoiada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) e pela Organização das Nações Unidas (ONU), que também incentivam projetos que contribuam para a paz por meio do esporte. Nesta segunda-feira (26), na assembleia geral da ONU, em Nova York, o presidente do Comitê Organizador Rio 2016, Carlos Nuzman, apresenta proposta baseada em ações de proteção a meninos e meninas.
 
Mas como surgiram os Jogos Olímpicos? Sua origem é explicada por lendas. Zeus ou Hércules teria sido “o primeiro atleta Olímpico”.
 
Uma dessas lendas relata que, após vencer o pai Kronos na disputa pelo mundo dos mortais, Zeus “convocou” um time de deuses para comemorar. E essa teria sido a inspiração dos Jogos Olímpicos, que passaram a ser promovidos na região de Olímpia, na Grécia – em um monte consagrado a Zeus.
 
Ou, na versão do poeta Píndaro (518 a.C./438 a.C), o herói Hércules teria sido o “precursor” dos Jogos. Para os gregos, os heróis eram homens fortes e corajosos – quase deuses. Por ocasião da morte de um herói, organizavam-se corridas, corridas de carruagens e lutas, em sua homenagem.
 
Espaço sagrado
 
O “marco oficial” dos Jogos da Antiguidade remonta a 776 a.C., quando o rei Iphitos, de Elis, ouviu do Oráculo de Delfos que todo o caos no Peloponeso, infestado de pragas e guerras, seria ultrapassado se os Jogos “voltassem” a ser organizados. 
 
Um tratado foi assinado por governantes de Elis, Esparta e Pisa, cidades-estado do Sul da Grécia. Nele se definiu a área em torno de Olímpia como “espaço sagrado e inviolável” e também se decretou que haveria trégua nas hostilidades no período dos Jogos Olímpicos.
 
Como viviam em guerra, os combatentes das cidades tinham seu treinamento como rotina diária. Agora, seriam desafiados a provar suas habilidades em Olímpia – em paz.
 
Todas as cidades-estado foram convidadas a enviar representantes, que precisariam de “passe livre” para atravessar territórios, muitas vezes inimigos. Assim, se criou a trégua Olímpica.
 
A cada quatro anos, mensageiros (em grego, spondophoroi) saíam da cidade de Elis na primavera, se deslocando por toda a Grécia, para convocar interessados em participar dos Jogos.
 
Para os gregos antigos, o cumprimento da trégua Olímpica (determinada pelos organizadores dos Jogos) era uma obrigação moral. Havia sanções severas aos que a infrigissem.
 
Camarotes e geral
 
Com o compromisso de “não-agressão” (que começava sete dias antes das competições e se seguia pelos sete dias depois do encerramento), os atletas saíam de Atenas, Esparta, Corinto e também ilhas e colônias a Leste do Mar Mediterrâneo, rumo a Olímpia.
 
E não apenas combatentes, mas também mercadores e artistas, que se instalavam em tendas rodeadas por fogueiras, ao lado dos espectadores (os nobres tinham pavilhões exclusivos).
 
As competições eram acompanhadas de lugares privilegiados por juízes, religiosos, ricos e outros poderosos. O público assistia às disputas em pé, de cima das colinas – que recebiam em torno de 40 mil pessoas por dia.
 
A “moda pega”
 
Os Jogos da Antiguidade estavam, portanto, intrinsicamente ligados ao conceito da trégua Olímpica, que é considerada a mais antiga instituição na história das leis internacionais. E que foi respeitada, fora algumas exceções, por 1.200 anos.
 
Além dos Jogos Olímpicos, em honra a Zeus, a cada quatro anos havia também os Jogos Panatenáicos, em Atenas, como celebração à deusa Athenà, que tinha uma corrida de tocha; os Pítios, em Delfos, para o deus Apolo; os Ístmios, em Corinto, para o deus Poseidon, e os Nemésios, em Nemeia, para Zeus.
 
Várias cidades também faziam suas próprias competições, internas, tradição que se espalhou para outras regiões, alcançadas por Alexandre, o Grande, como Turquia, Síria e Egito.
 
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