Sasaki compete com dor no joelho, supera cirurgias e termina em 9º

Sérgio Sasaki vibra com apresentação / Foto: Alex Livesey / Getty Images

Rio de Janeiro - O semblante era um misto de decepção com tranquilidade. Era isso o que o ginasta brasileiro Sérgio Sasaki transmitia à imprensa, na zona mista, logo após a final do individual geral masculino, nesta quarta-feira, na Arena Olímpica do Rio. 

Depois de três cirurgias (duas no ombro e uma no joelho) num curto período de tempo, de um ano e três meses parado, o ginasta mais completo do Brasil voltou ao palco da Rio 2016 para buscar uma apresentação "100%", segundo ele mesmo. No final, veio um honroso nono lugar, exaltado por Sasaki.

"Nono é uma posição que é boa, mas o importante é, eu treinei, e hoje eu consegui dar o meu 100%, fazer exatamente aquilo que eu treinei. Eu não tenho o poder da nota que os árbitros vão me dar, mas eu tenho o poder do meu desempenho. Se é primeiro ou é último, eu saio feliz por ter feito exatamente aquilo que eu treinei. Consegui fazer o meu trabalho", avalia o atleta. 

O japonês Kohei Uchimura ao centro com seu ouro; Oleg, da Ucrânia foi prata (à direita) e o britânico Whitlock foi bronze / Foto:: Laurence Griffiths / Getty Images

Segundo o generalista do Brasil, talvez fosse injusto ele ganhar de outros ginastas que tiveram tanto tempo de treino a mais que ele, que ficou parado por mais de um ano devido a suas lesões.

"Eu fiquei esses dias pensando, talvez teria sido até injusto eu ganhar de atletas que teve esses quatro anos treinando mais que eu. Claro que a minha superação conta, e talvez o meu resultado seja o nono, mas talvez seja injusto eu ganhar de atletas que não tiveram um ano turbulento, que conseguiram se preparar da forma correta", acredita. 

O fato é que Sasaki teve solidez na sua apresentação desta quarta-feira, com notas altas no salto (a quarta melhor, 15.200) e na barra fixa (oitava, 15.000). Depois de viver meses de agonia vendo os outros atletas treinando e ficando "para trás", a Rio 2016 foi uma espécie de redenção.

O mais difícil do tempo parado? "Talvez saber que eu estou há um dia trás de tal fuluno, três dias, um mês, três meses, eu estou um ano atrás. A cada dia eu tinha que treinar como dois dias, saber que as pessoas estavam evoluindo e eu parado no tempo, isso me consumia, me incomodava, me deixava mal. Me fez muito mal. Foi um ano muito ruim, pior ano da minha carreira. Mas eu consegui me superar, estar aqui", narra Sasaki. 

Para o atleta, de 24 anos, essas não devem suas últimas Olimpíadas. "Eu sou novo, tenho vontade, que é o mais importante, meu sonho não acaba, quero continuar treinando, poder dar meu máximo, se for em Tóquio ou em mais uma, o quanto meu corpo deixar", adianta. 

Sérgio Sasaki / Foto: Alex Livesey / Getty Images

No final, para surpresa nos inúmeros jornalistas que se amontoavam para entrevistar Sasaki, uma informação nova: ele competiu a Rio 2016 inteira com dores fortes no joelho.

"Estou sentindo muita dor no joelho desde o primeiro dia, não quis falar pra ninguém porque isso não cabia no momento. Eu ia saltar um salto novo, forcei um pouco mais, acabei sentindo uma dor, então fico feliz de ter me superado", conclui o generalista.

No topo do pódio, o japonês Kohei Uchinura se consagrou como bicampeão olímpico do individual geral, depois do ouro em Londres 2012. No Rio, porém, a disputa foi acirradíssima, e só se definiu na última nota, do último aparelho do ucraniano Oleg Verniaiev, que acabou em segundo. A diferença? 99 centésimos de pontos. O britânico Mac Whitlock fechou o pódio com o bronze.

O outro brasileiro da prova, Arthur Nory, terminou na 17ª colocação.

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