Juiz da final da Copa se assumiu gay após tentativa de suicídio

Nigel Owens apitou duelo entre Nova Zelândia e França neste mundial / Foto: Getty Images

Rio de Janeiro – A final da Copa do Mundo de rugby, neste sábado, entre Austrália e Nova Zelândia, será arbitrada por um homem grandioso: Nigel Owens, galês e único juiz de rugby declaradamente homossexual.
 
Owens é reconhecido e um dos maiores árbitros da modalidade atualmente. O profissional se disse agradecido de ter sido escolhido para apitar a final. “Humilde e honrado”, escreveu em seu Twitter o árbitro.
 
O currículo que o credencia para o feito é vasto: foram duas finais da Heineken Cup, espécie de Champios League do rugby, em 2008 e 2009. Em 2012 apitou novamente o torneio, rebatizado de European Rugby Champions Cup. Apitou seu primeiro jogo de mundial em 2007, meses depois de revelar sua orientação sexual.
 
"Minha vida mudou, minha arbitragem mudou. Se tem uma coisa que apitar exige, é que você esteja completamente concentrado nos 80 minutos. Se algo está mexendo com a sua cabeça, atrapalha. Um árbitro feliz é um árbitro bom”, justificou Owens.
 
No País de Gales, a fala lhe rendeu um espaço como apresentador de televisão, chegando a ser nomeado em 2007 como a “Personalidade Gay do ano nos esportes” pelo grupo ativista dos direitos LGBT “Stonewall”.
 
O percurso até chegar no auge de sua carreira, porém, não foi fácil. Owens, antes de se aceitar e se sentir seguro como homossexual, passou por momentos difíceis como uma tentativa de suicídio em 1997, aos 26 anos.
 
"Eu estava ‘definhando' muito rápido, indo para um lugar de trevas e sem saída. Eu fiz algo uma noite do qual vou me arrepender pelo resto da vida: escrevi um bilhete de despedida para os meus pais, dizendo que não podia mais continuar vivendo, mas sem contar o porquê. Deixei minha casa aquela noite com uma espingarda carregada, algumas caixas de paracetamol (remédio analgésico e antitérmico) e uma garrafa de whisky, e simplesmente dei uma volta na vila de Mynydd Cerrig uma última vez”, descreve, à BBC.
 
O fim, porém, acabou desmaiando com os remédios que ingeriu e foi hospitalizado. “Se eu não tivesse entrado em coma, eu teria apertado aquele gatilho”, lembra Owens, que diz ter sido mexido pela experiência de quase morte e, logo em seguida, tendo revelado sua orientação para a mãe, depois o pai e companheiros de profissão.
 
"Eu tinha uma escolha, poderia continuar vivendo uma mentira e continuar apitando, ou revelar tudo. Eu não estava feliz com a minha vida, e não estava arbitrando direito. Havia feito algumas partidas internacionais e não tinha ido bem. Tomei a decisão certa, pois sabia que do jeito que estava, não daria certo com juiz”, conclui o árbitro.
 
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