Presidente da CBRu fala sobre o crescimento do Rugby

O Esporte Alternativo conversou com Sami Arap durante a terceira edição da cerimônia de premiação do Troféu Brasil de Rugby / Foto: Esporte Alternativo

São Paulo - O presidente da Confederação Brasileira de Rugby, Sami Arap Sobrinho, é um cara arrojado. O dirigente continua focado no projeto que quer transformar o rugby em um esporte de massa no solo brasileiro. Apesar de sonhar alto, o advogado que preside a confederação sabe que conquistar uma medalha olímpica já em 2016 é ainda um sonho muito distante. A meta é que as mulheres consigam terminar os Jogos Olímpicos entre as cinco melhores e os homens consigam ficar entre os dez. 

O Esporte Alternativo conversou com Sami Arap durante a terceira edição da cerimônia de premiação do Troféu Brasil de Rugby, realizada em São Paulo. No meio de muita empolgação e ao som de muito rock'n'roll, o dirigente contou como foram os três primeiros anos à frente da Confederação Brasileira.

Sami Arap também falou sobre a parceria com os neozelandeses e sobre a tão sonhada classificação para a Copa do Mundo da modalidade. Para o ex-jogador da seleção brasileira, o objetivo é conseguir a vaga para a Copa do Mundo de 2019, mas tem esperanças que isso aconteça já em 2015, na Inglaterra.

Durante a entrevista concedida ao Esporte Alternativo, o dirigente falou ainda sobre o programa de alto rendimento, que já foi colocado em prática e sobre o crescimento do rugby brasileiro nos últimos anos, que costumava perder de pouco e agora passou a ser respeitado por grandes seleções da América do Sul e até do resto do mundo.  

Vale a Pena a conferir a Entrevista completa:

Esporte Alternativo - Mais um ano que acabou, mais uma premiação. O Brasil continua crescendo no Rugby ? 

Sami Arap Sobrinho - Graças a Deus ! A Confederação vem fazendo um bom trabalho.Os primeiros três anos foram muito difíceis, porque é um processo de aprendizado mútuo. Novas pessoas chegando para administrar o esporte e o esporte tentando entender a forma de trabalho que nós queremos introduzir nos clubes, nas federações do rugby feminino e do rugby masculino. 

Eu acho que a gente teve três anos bons e agora entrou realmente numa fase de crescimento, mas crescimento com qualidade. A gente quer fazer um trabalho com eficiência, com eficácia. Queremos melhorar as competições, conseguir fazer com que os clubes aproveitem o conhecimento dos atletas que vem de Seleção Brasileira e dos outros técnicos que também estão participando de programas de crescimento. A gente tem aí mais alguns anos até a Olimpíada. É uma meta de curto prazo, dentro de um programa de longo prazo. Eu acho que o saldo, o resultado inicial dos primeiros três anos de trabalho em conjunto é muito satisfatório e a gente está muito contente com isso.

Esporte Alternativo - Eu lembro que conversava com o Eduardo Mufarej naquele jogo do Brasil e Paraguai e ele me falava que já dá pra gente sonhar com uma medalha olímpica. É isso mesmo ? 

Sami Arap Sobrinho - Sonhar com uma medalha olímpica realmente é possível. Eu costumo dizer que o brasileiro tem uma força, tem um espírito, uma vontade de jogar, que realmente se sobressai em relação a outros atletas e outras culturas no mundo. O brasileiro quando quer, você vê até mesmo pela própria economia, por adversidades, a gente consegue se ultrapassar. Em relação a uma medalha, temos de ter o pé no chão. A seleção feminina está hoje entre as dez, doze melhores do mundo. A seleção masculina está entre as vinte e cinco melhores do mundo. Chegar numa medalha, é chegar entre os três melhores. Em 04 anos, é um sonho muito arrojado, é um sonho realmente. A nossa meta é conseguir fazer as meninas chegar entre as cinco primeiras do mundo e conseguir classificar o time masculino entre os dez melhores do mundo. Isso já seria um baita resultado para o Rugby brasileiro. Além disso, eu acho que se você colocar um pouco o Seven de lado, porque o Seven infelizmente em quatro anos tem uma olimpíada e a gente queria ter mais tempo pra poder trabalhar, o fundamental é trabalhar com quinze masculino. Fazer com que as seleções, tanto a principal, quanto as seleções de categoria de base, consigam assimilar um trabalho de alto rendimento dos neozelandeses e almejar uma classificação de uma Copa do Mundo.  Acho que aí que está o valor. A nossa meta é a Copa do Mundo de 2019, mas pelo que a gente tem conversado com os atletas, eles vão deixar tudo em campo nos próximos jogos contra Chile e Uruguai visando o qualifying de 2015 na Inglaterra.

Esporte Alternativo - Você está falando desse treinamento que é feito na Nova Zelândia e desse aprimoramento que a seleção vem fazendo. O que mudou de três anos pra cá, quando nós começamos a ver aquelas propagandas na televisão dizendo que o Rugby ainda seria grande no Brasil ? Mudou muita coisa ? 

Sami Arap Sobrinho Mudou tudo, eu acho. Primeiro porque, na minha opinião, nós nunca tínhamos tido um programa de alto rendimento estruturado. O Brasi, pelo que eu me conheço por gente,  nos últimos 30, 40 anos, o Rugby brasileiro era o que ? Escolhia um técnico, treinava um pouco antes de uma competição e vamos lá ver o que acontece. O Brasil costumava perder de pouco e assim foi durante várias gerações. Tentava até se fazer um bom trabalho, mas era muito difícil. A partir do momento que nós decidimos, com um novo cenário, obviamente você não pode simplesmente jogar no lixo tudo o que aconteceu no passado. Aconteceram muitas coisas boas e muitos atletas apareceram nesse tempo. Pela primeira vez formou-se uma estrutura de alto rendimento trabalhando com os melhores técnicos e atletas do mundo, Crusaders, a Turma de Canterbury, pra dentro de um programa  de identificação de talentos de novos atletas, de 15 a 20 anos. Queremos fazer um trabalho de sucessão para conseguir começo, meio e fim e fazer a alimentação de atletas, ou seja, construir um programa de alto rendimento. Isso nós não tínhamos no passado, então a gente saiu, vamos dizer, o que é a India no futebol e estamos conseguindo já chegar num nível pra entrar nos 25 melhores do mundo.

Esporte Alternativo - Até alguns jogadores da América do Sul estão estranhando essa ascendência do Brasil. Nós conversamos com um jogador do Paraguai e ele dizia que sempre ganhava do Brasil e agora já não ganha faz tempo. Esse é um bom começo ?  

Sami Arap Sobrinho - Olha. A gente costuma dizer o seguinte: O Brasil é um celeiro de material humano. O Brasil é bom em todas as modalidades coletivas. O Brasil é muito bom em modalidades individuais. Se você pegar o Rugby, ele é uma exceção a regra. Em que esporte o Brasil compete coletivamente e perde para Uruguai e pra Chile ? Futebol ? Talvez uma partida de vôlei, uma de basquete, uma de Handebol. Mas é exceção a regra. Então porque o Rugby deveria ser diferente ? Por que nós não tínhamos técnica. Mas acima de tudo, não porque nós não tínhamos técnica, mas porque o Rugby nos outros países é jogado nas escolas, ele é uma ferramenta educacional nas escolas privadas e nas escolas públicas. Se você vai no Uruguai, no Chile, na Argentina, o rugby é parte da cultura. No Brasil não. Então é essa mudança que a gente tem que conseguir introduzir no país pra que o Rugby cresça. Porque tendo mais quantidade, você vai conseguir achar mais qualidade necessária para dosados, treinados com os neozelandeses, que é uma parceria de dez anos, para que aos poucos, conseguirmos chegar entre os 30 melhores, entre os 25 melhores e chegar numa Copa do Mundo entre os melhores 20 países do Mundo.

Esporte Alternativo - Pra finalizar, essa festa aqui de hoje. Qual é a importância dessa festa ? 

Sami Arap Sobrinho - Eu fico particularmente muito feliz. Porque eu acho que a festa é dos atletas, é dos clubes, é das federações, é dos apaixonados pelo rugby. Nós somos simplesmente o instrumento que está envelopando essa festa. A gente tem que premiar as pessoas. As pessoas tem que saber que elas estão sendo observadas, que o suor que elas deram durante o dia-a-dia com as suas famílias, com seus clubes, será remunerado. A gente tem que premiá-los por isso. É um esforço coletivo. Sem esse esforço coletivo ninguém chega a lugar nenhum. Então a gente espera que realmente seja uma festa de confraternização, divertida e que vençam os melhores, que tiveram o melhor desempenho de 2012. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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