Técnico da seleção viveu guerra e quer medalha: "vão dizer que sou louco"

Chris Neil / Foto: João Neto / Fotojump

Rio de Janeiro - O rugby brasileiro não tem tradição, nem títulos internacionais ou medalhas olímpicas. Mas, em se tratando da equipe feminina, ele conta com um grande nome, sinônimo de inovação e disciplina. Chris Neil, o técnico da equipe tupiniquim, foi major do Exército por duas décadas e hoje encara um desafio também difícil: conquistar uma medalha na Rio 2016. 
 
O neozelandês viveu grande parte da vida em países sem histórico esportivo: Timor Leste, Bósnia, Afeganistão. Mas isso não impediu que Neil estivesse hoje no comando da seleção. O rugby é uma paixão que o técnico sempre tentou acompanhar. A prova disso é que trocaria suas medalhas de honra conquistadas nos combates armados por uma olímpica. 
 
"Sim, com certeza trocaria as medalhas que ganhei por uma medalha olímpica. A gente sabe que é muito, muito difícil, mas vamos estar na briga. O objetivo é estar na disputa da medalha", disse Neil ao GloboEsporte.com, após levar as brasileiras à conquista da inédita medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, mês passado. 
 
Para isso, ele adota um estilo de treinos não muito ortodoxo e que, naturalmente, não agrada a todos. "Se você perguntar para as meninas, elas vão dizer que sou louco. Se você tiver auto-disciplina, você consegue fazer com que o time tenha disciplina, isso eu aprendi nos anos de Exército. Eu já tirei meninas do grupo por não terem essa qualidade, porque isso prejudica todo mundo. As que são disciplinadas se frustram com as que não são", explica.
 
A colocação do Brasil, no ranking mundial, melhorou. Terminamos a atual temporada em 10º e com resultados importantes, como um empate em 12 a 12 contra o Canadá (2º do ranking) e vitórias sobre a França (6ª) e Fiji (9ª). 
 
A situação hoje, felizmente, não envolve guerras nem perda de soldados - a não ser as jogadoras que Neil afasta por indisciplina. No Afeganistão, lembra o neozelandês, a situação era mórbida. 
 
"A gente tinha um papel de reconstrução de escolas, de ajudar os civis. Perdi cinco dos meus soldados, três em uma bomba colocada no carro e outros dois em tiros em confronto direto. Foi uma fase muito perigosa, mas era gratificante ajudar a população local. Mas a gente tinha que enfrentar pessoas perigosas", conta.
 
A experiência bélica, ainda que com muitas perdas, deu a Neil a bagagem de hoje e pode ajudar o Brasil na busca pelo resultado histórico ano que vem, no Rio. "No Exército, aprendi tudo o que eu sei hoje, principalmente no planejamento, no respeito e como entender performances ruins. No esporte, se você erra, você não morre, mas no Exército, um erro pode custar a sua vida e a vida de seus colegas", compara.
 
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