Musas, falha e heróis brasileiros: dez momentos marcantes de Sochi 2014
Segundo Stefano Arnhold, chefe da missão brasileira na Rússia, a evolução está nos recordes quebrados em número de atletas, de modalidades e provas disputadas.
É verdade também que, sendo um país tropical, sem ambiente propício para a prática dos esportes de gelo e de neve, os atletas brasileiros representaram muito bem o Brasil apenas por participarem. Em muitos casos, ainda, a emoção tomou conta das exibições, talvez graças à dificuldade de se chegar a uma disputa olímpica representando um país sem tradição no esporte de inverno.
Mas não só os momentos emocionantes protagonizados por atletas brasileiros marcaram os Jogos de Inverno. Heróis com exibições impecáveis, problemas técnicos e situações inusitadas também serão lembradas na história das Olimpíadas de Sochi.
Dito isso, o Esporte Alternativo reuniu aqueles que podem ser considerados os 10 momentos mais marcantes dos Jogos. Confira abaixo:
10 - Anel Olímpico falha na abertura
Bastou a cerimônia de abertura oficial, no Estádio Fisht, para os Jogos Olímpicos de Sochi já entrarem para a história com uma das maiores falhas técnicas já ocorridas. No início, quando os cinco anéis que formam o símbolo máximo do movimento olímpico deveriam se abrir, algo de errado ocorreu e o círculo que representa as Américas simplesmente não abriu.
A falha foi destaque na imprensa internacional e as piadas se difundiram rapidamente pela internet. Em uma delas, o "novo símbolo", sem um dos anéis, estampa até uma camiseta.
Na cerimônia de encerramentos dos Jogos, no domingo, a própria organização brincou com a falha fingindo ter errado novamente. A brincadeira foi bem recebida pelo público.
9 - Curling e suas musas nas graças do público
Desde os Jogos de Vancouver, em 2010, que o curling chama a atenção do público brasileiro. O inusitado esporte, em Sochi, não fez diferente. As disputas com a vassourinha atraíram a atenção dos espectadores, muito por conta também das "musas" da modalidade.
Uma delas, porém, terminou em nono lugar. A russa Anna Sidorova, para tristeza da torcida local, não conseguiu ir longe no torneio feminino de curling.
Outra que chamou a atenção foi Eva Muirhead. A britânica, além de ajudar sua equipe na conquista do bronze sobre a Suiça, certamente atraiu muitos olhares para o Cubo de Gelo. Considerada a "Rainha do Gelo" pela imprensa de seu país, Eva já posou inclusive para um calendário sexy.
8 - Cadê a neve?
A primeira coisa que se encontra em uma cidade-sede dos Jogos de Inverno é neve, constantamente, certo? Errado. Em Sochi o que chamou a atenção foi justamente a falta dos pequenos flocos de gelo.
Além disso, o calor - excessivo para os Jogos de Inverno -, foi alvo de ironias da imprensa internacional. O jornal britânico METRO chegou a publicar, em sua capa: "Não deveria estar nevando?".
O fato é que Sochi, como todos sabem, não é uma cidade tão fria quanto suas antecessoras, sedes das Olimpíadas de Inverno. Considerada um resort, bastante procurado pelos russos no verão, a cidade fica às margens do Mar Negro. Ou seja: as pessoas estão acostumadas ao calor e a se refrescarem nas águas oceânicas.
As temperaturas na cidade, durante os Jogos, chegaram a atingir máximas de 15° C, o que é bastante para as circunstâncias - e não ajuda em nada na manutenção da neve artificial.
O momento mais esperado de toda competição é, claro, o final. Em se tratando de uma disputa como a do esqui cross-country, a chegada pode ser bastante disputada e, até, inusitada.
Nas quartas de final da disputa olímpica masculina, a foto da linha de chegada pode ser considerada a melhor da história.
Os três esquiadores que lideravam a prova chegaram praticamente juntos e se esforçaram absurdamente para chegar à frente. O resultado? A foto ao lado, em que todos parecem se desesperar com seus esquis para passar às semifinais.
No Twitter oficial dos Jogos, os responsáveis publicaram a foto com a seguinte legenda: "Essa não é a melhor foto de linha de chegada?". É, talvez seja mesmo.
6 - Anfitriões e campeões
Certamente o presidente russo Vladimir Putin tem motivos de sobra para sorrir nesta segunda-feira. Além de ter conseguido o seu maior objetivo, que era mostrar ao mundo uma Rússia renovada após o fim da União Soviética, ele alcançou também o topo do quadro de medalhas dos Jogos.
Com 13 ouros e 33 medalhas no total, a Rússia se consagrou como o melhor país em esportes de Inverno. Atrás dela, Noruega e Canadá, com 11 e 10 ouros cada, respectivamente.
A Holanda, quinta colocada no geral, também mostrou seu domínio em determinados esportes, sobretudo na patinação de velocidade, onde chegou inclusive a fazer um pódio triplo.
Na modalidade a Holanda se consagrou com 23 pódios: oito ouros, sete pratas e oito medalhas de bronze.
5 - Resultado polêmico na patinação artística
Um dos esportes mais bonitos de se ver nos Jogos de Inverno, a patinação artística não chamou a atenção apenas dentro da pista de gelo. O resultado do torneio individual feminino foi bastante contestado pelas torcidas.
Uma petição, inclusive, foi criada na internet e já contava com mais de um milhão de assinaturas pedindo mais investigação e transparências nas notas dadas pelos juízes nas apresentações da modalidade.
Adelina Sotnikova, que ficou com o ouro, foi alvo de críticas por ter se desequilibrado em determinado momento - sem, entretanto, chegar a cair - enquanto que outras patinadoras fizeram exibições perfeitas e ficaram atrás dela.
Ashley Wanger, sétima colocada, criticou muito o resultado. "As pessoas não querem assistir a um esporte no qual você vê gente caindo e ganhando uma nota maior do que quem fez um movimento perfeito. É confuso e precisamos deixar mais claro para eles [a torcida]", pediu a atleta.
4 - Bombas e mortes em Kiev e ouro para a Ucrânia em Sochi
Uma verdadeira guerra civil ocorrendo na capital ucraniana, Kiev, com mais de 70 vidas perdidas nos confrontos entre manifestantes opositores ao governo e as tropas policiais.
A Praça da Independência, no centro da cidade, ficou totalmente destruída após os protestos sangrentos da semana passada e a comunidade internacional estava bastante preocupada com os rumos da situação na Ucrânia.
Diante dessas circunstâncias, porém, o quarteto feminino do biatlo fez história ao levar o primeiro ouro da Ucrânia, em 20 anos, no revezamento 4x6 km. A medalha, ovacionada por público e imprensa, talvez seja a mais popular dos Jogos, frente aos acontecimentos simultâneos que ocorriam em Kiev.
Momentos após as garotas conquistarem o ouro, o parlamento ucraniano parou as discussões sobre o rumo das manifestações e o orador parabenizou a equipe campeã. "Grande prova de como o esporte pode unir uma nação", publicou no Twitter Sergey Bubka, presidente do Comitê Olímpico Ucraniano.
3 - Brasil faz história com Isadora Williams
Primeira representante brasileira na história da patinação artística, Isadora Williams foi aplaudida intensamente pelas 12 mil pessoas presentes no Palácio Iceberg, em Sochi.
Com uma apresentação com algumas falhas e bastante simples, a atleta caiu no gosto da torcida com uma música clássica de drama russo. Após a exibição, que a deixou em último lugar com a nota de 40.37, Isadora arriscou algumas palavras em português - a patinadora vive nos Estados Unidos - para agradecer a oportunidade de representar o Brasil numa Olimpíada.