Noite histórica para a natação brasileira no Mundial, em Doha

Felipe França / Foto: Satiro Sodré

Rio de Janeiro - Há muito o Brasil não tinha uma noite de finais como a desta quarta-feira, 4/12, no 12º Mundial em Piscina Curta. Resultados históricos colocaram o país nos holofotes do dia e especialmente Felipe França Silva, que além do recorde mundial superado com o time do 4x50m medley, bateu a marca de campeonato dos 100m peito. A segunda etapa de provas em Doha deu a equipe brasileira três medalhas de ouro, um recorde mundial, dois de campeonato, cinco sul-americanos e cinco brasileiros. Sem falar na liderança do quadro de medalhas, empatado com a Espanha, com três ouros. Logo a seguir vem a África do Sul, com dois ouros. O Brasil nunca saiu de um Mundial com mais de três ouros. Pois no segundo dia em Doha já igualou isto e tem tudo pra se superar.
 
As previsões se confirmaram e o Brasil garimpou seu primeiro ouro no 12º Mundial em Piscina Curta na prova de 4x50m medley. Guilherme Guido (23s42), Felipe França (25s33), Nicholas dos Santos (21s68) e Cesar Cielo (20s08), o que o próprio Cesar chamou de “dream team” (time dos sonhos) para o Brasil fez 1m30s51 e superou o tempo planetário feito pela Rússia nas eliminatórias, 1m32s78.
 
"Foi como eu falei na eliminatória. O França fez toda a diferença pra gente. Colocou um corpo de diferença. A parcial dele é algo impressionante. Ele está num patamar acima e foi o nosso “fator x”. Senti que o Nicholas pegou muita “marola’ e eu também, mas todo mundo foi muito bem. Essa prova é muito emocionante e eu gostaria muito de vê-la ao menos no mundial de longa. Para nós é legal e para o público também. Acho muito emocionante quatro caras, nos quatro estilos nadando o mais rápido que podem juntos. Foi muito legal", disse Cesar, segundo melhor tempo de livre. França e Nicholas fizeram as melhores parciais em seus estilos.
 
A França, fechando com o campeão olímpico Florent Manaudou (20s04) ficou com a prata, 1m31s25, e os Estados Unidos, 1m31s83, com o bronze.
O “cara do dia” foi Felipe França, que logo após a prova dos 100m peito que venceu com 56s29 (a quatro centésimos de seu recorde sul-americano), superando o recorde de campeonato que o britânico Adam Peaty fez nas semifinais (56s43), saiu além de eufórico, visivelmente aliviado.
 
"Eu me segurei para não chorar porque isso representa muita coisa. São dois anos fora do primeiro grupo mundial. Eu tinha como meta bater o tempo sul-americano que fiz no Troféu Finkel e consegui muito mais. Isso abre outras perspectivas para mim e agora vou com tudo para brigar por uma medalha nos Jogos Olímpicos de 2016", afirmou Felipe.
 
No primeiro dia, após as eliminatórias, ele contou que perdeu 20 dos 119 quilos que chegou a pesar e que isto foi resultado da mudança de trabalho dentro e fora d’água. Atrás de França no pódio ficou o ex-recordista da competição, Adam Peaty (56s35) e o francês Giacomo Perez-Dortona (56s78).
 
Cesar Cielo, ainda se recuperando das emoções do 4x50m medley, caiu na piscina para os 50m livre e novamente terminou com o primeiro tempo da prova, 20s80. Atrás dele o russo Vladimir Morozov (20s88) e o francês Florent Manaudou (20s93).
 
"Fui tudo um pouco corrido. Eu mal desci do pódio e quando vi já estava colocando a touca pra nadar outra vez. Ficou apertado, mas está tudo bem. Foi corrido pra mim e também pro Manaudou e pro Morozov. Talvez tenha sido isso que atrapalhou a chegada em 19s99 – brincou – mas amanhã acho que a gente vai ver uma outra prova. Amanhã vai ser mais rápido", disse.
 
Assim  que saiu do pódio, Guilherme Guido nadou os 100m costas  e a “correria” acabou influenciando na performance. Ele ficou em quinto, com 50s21. A prova foi vencida pelo australiano James Mitchell (49s57). No Mundial anterior, o brasileiro conquistou bronze nesta prova.
 
Mas as boas notícias não vieram apenas das braçadas masculinas. Daynara de Paula entrou com o sexto tempo na final dos 50m borboleta (25s54), com novo recorde brasileiro e sul-americano. O anterior era de Gabriella Silva, em 2010, com 25s72.
 
Larissa Oliveira marcou 52s75 nos 100m livre, bateu em seis centésimos seu recorde sul-americano, conquistado no Finkel, em setembro, mas ficou de fora da final ao terminar na 10ª posição. Ficou feliz pelo tempo, mas decepcionada por não estar entre as finalistas.
 
"Fiz minha melhor prova e tudo o que poderia fazer hoje, mas queria tanto ir pra final….", lamentou com voz de choro Larissa. Mal sabia que a tristeza ia se transformar em delírio na última prova do dia, o 4x50m medley misto, em que ela fechou a emocionante vitória brasileira, com 1m37s26.
 
Etiene tem a marca do pioneirismo. Ela foi a primeira brasileira a conquistar medalha na natação em Mundiais, com a prata nos 50m costas no Mundial Junior de Monterrey/2008. E agora foi a primeira medalhista em Mundiais de curta (25m), junto com Larissa Oliveira, e logo no lugar mais alto do pódio.
 
"Abrimos mão de muita coisa e tudo passa muito rápido. A competição dura apenas cinco dias. Mas não podemos deixar a ficha cair muito, pois ainda tem muita coisa a acontecer", afirmou Etiene Medeiros, que está concentrada para os 50m costas.
 
A pernambucana abriu com desempenho sensacional, 25s83, quebrando a barreira dos 26 segundos, batendo seu recorde sul-americano (26s41), e ficando a 13 centésimos da marca mundial. Mas o tempo não pode ser homologado por ser em revezamento misto. Etiene deixou o Brasil em 7º, e foi seguida por Felipe França. O campeão mundial dos 100m peito voou na piscina e deixou o quarteto na 5ª posição. No borboleta, o campeão mundial dos 50m borbo no Mundial anterior, em Istambul/2012 colocou o Brasil no primeiro lugar. Larissa Oliveira manteve o ritmo e abriu um largo sorriso quando tocou na parede e viu o nome do Brasil com a vitória decretada.
 
"Estou superfeliz. A recuperação foi bem mais rápida do que esperava (referindo-se aos 100m livre)", disse a eufórica Larissa Oliveira.

 

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