Foi dada a largada para o Desafio Santos-Rio de HPE

Marcos Hurodovich em travessia oceânica / Foto: Acervo pessoal

São Paulo - Só o prazer de velejar explica a motivação de uma equipe de oito tripulantes, divididos em dois barcos, para superar o inevitável desconforto que será provocado por mais de 40 horas a bordo de um veleiro sem cabine em um percurso de quase 400 quilômetros. O Desafio Santos-Rio de HPE começa neste sábado, ao meio-dia, com a largada da 63ª edição da mais tradicional regata de oceano do País. 
 
O veleiro HPE mede apenas 25 pés (8 metros) e acomoda quatro tripulantes que praticamente não têm outra opção a bordo, a não ser permanecerem sentados em suas posições de trabalho. "É quase um acampamento em mar aberto, porém, sem abrigo", como bem comparou o responsável pelo barco de apoio, Cuca Sodré, que irá escoltar os dois veleiros durante as 220 milhas, pilotando um bote Zonda de 30 pés, conforme exige a Marinha por medida de segurança. 
 
"A escolha da tripulação foi muito bem pensada entre eu, o Duda Molina e o Luiz Rosenfeld. Para formarmos esse time de ponta, definimos que os velejadores teriam de possuir bagagem suficiente em grandes travessias e amplo conhecimento sobre o barco. Assim, conseguimos juntar meia-dúzia de "malucos" que toparam a parada logo de cara. Todos não veem a hora de a aventura começar. Esse é o espírito da nossa equipe, experiência aliada ao prazer", exalta o idealizador do projeto, Marcelo Bellotti, comandante do veleiro W.Truffi/SER Glass, e diretor da Brado Publicidade, agência realizadora do Desafio. Rosenfeld vai comandar o W.Truffi/Suzuki. 
 
Entre os escolhidos para o Desafio, ninguém navegou mais do que Marcos Hurodovich. O velejador acumula mais de 50 mil milhas navegadas, distância suficiente para três voltas na Terra. "Esta será minha 10ª Santos-Rio, mas diante dessa condição tão inusitada, estou vivendo uma expectativa como se fosse correr a regata pela primeira vez. Velejar é muito bom, mas quando se tem um desafio fica melhor ainda", considera Marcão. 
 
"O Desafio Santos-Rio de HPE tem um significado especial. Será um teste definitivo para os barcos de minha construção e me lembra dos dois anos em que passei a bordo de um pequeno barco de 6,5m. São desafios como este que nos proporcionam momentos inesquecíveis!", revela o comandante e construtor do HPE, Luiz Rosenfeld.
 
Cardápio de bordo - Por mais desgastante que a travessia entre Santos e Rio esteja, os velejadores terão momentos saborosos ao longo das 220 milhas. A nutricionista Josiani Dian Coelho elaborou um cardápio específico para suprir as necessidades da tripulação. Serão cumpridas as sempre recomendadas três refeições diárias, com direito ao lanchinho da tarde e uma ceia para amenizar o turno da madrugada. 
 
"A base da alimentação é o carboidrato com um pouco de gordura. Essa dieta é necessária para se evitar qualquer risco de hipotermia. Introduzimos também alguns suplementos alimentares para garantir o consumo de aminoácidos e poli vitamínicos. Importante que façam as três refeições e ainda tenham à disposição lanches intermediários caso as condições de mar e de vento estejam exigindo muito esforço físico", relata a nutricionista Josiani, da Dian Clinic. 
 
O café da manhã será à base de panquecas com recheio de mel ou pasta de amendoim; o almoço terá salada de atum em conserva e frango desfiado pré-refogado; para o jantar, pizza descongelada com direito a uma breve passada no maçarico culinário para que tenham a oportunidade de aquecer o organismo no período noturno, que costuma ser bem mais frio em mar aberto. O kit de lanche inclui mini panetone, barrinha de cereal, banana, maça e frutas secas. 
 
Os maiores cuidados da nutricionista, porém, estão voltados para a ingestão de líquidos. "Cada tripulante terá de beber quatro litros por dia. O principal é beber muita água pura, para evitar o risco de desidratação, intercalando-se isotônico e refrigerante. Eu não incluiria refrigerante, mas sabe como é, eles pediram...um pouquinho dá pra liberar", pondera Josiani que também recomendou o consumo de mini cenouras. "O betacaroteno ajuda a proteger a pele da exposição ao sol".
 
Equipes - O W.Truffi/SER Glass, com o comando de Marcelo Bellotti, terá Eduardo Molina, parceiro de Marcelo nos vice-campeonatos mundial de Lightning e sul-americano de Snipe; Marcos Hurodovich, tripulante do Paratii de Amyr Link na expedição à Antártida, e Juan de La Fuente, atual campeão da Semana de Vela de Ilhabela na classe HPE. No W.Truffi/Suzuki, o comandante Luiz Rosenfeld, estará ao lado de Marcelo Gomes, seu sócio na fabricação dos barcos; Sérgio Rocha, considerado um dos mais completos velejadores de oceano com vários títulos em Ilhabela e regatas internacionais, e Caio Teisen, tripulante do HPE Aventura, sempre presente nas regatas de Ilhabela. A força física é uma das virtudes de Caio a bordo. 
 
Enquanto os desafiantes da HPE estimam superar a aventura no Atlântico Sul em até dois dias, já houve quem rompesse o trajeto entre os dois iates clubes em menos de um dia. O recorde da regata pertence ao Sorsa III, comandado por Celso Quintela. O barco cruzou a linha de chegada em 2006 com o tempo de 19h33m40. A bordo, uma tripulação de peso que soube aproveitar da melhor forma a subida de uma frente fria. Entre os que conquistaram a ‘Fita Azul’ para estabelecer a nova marca, estavam: Eduardo Penido, Joca Signorini, Kiko Pelicano e Maurício Santa Cruz, que dez anos antes, registrara também o recorde anterior com o Magia III, de Torben Grael.
 
A previsão para este sábado, dia da largada, é de vento sueste variando entre oito e dez nós (próximo de 20km/h). No domingo deve aumentar levemente de intensidade, soprando na direção. Não há perspectiva de ondas mais elevadas, o que deve contribuir para que os barcos aproem na baía de Guanabara ao longo da segunda-feira (28). Os dois veleiros HPE devem partir do Iate Clube de Santos neste sábado, em meio a uma flotilha de cerca de 30 barcos que seguirão em regata até o Iate Clube do Rio de Janeiro. O bote de apoio Zonda deve fazer uma parada para reabastecimento em Ilhabela ou Angra dos Reis. 
 

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