Lars Grael: Búzios é a solução para fugir da poluição no Rio-2016

O medalhista olímpico Alta | Web  / Foto: Divulgação

São Paulo - "Com a experiência olímpica e os treinos frequentes no local, temos alertado desde que o Rio de Janeiro se candidatou a sede dos Jogos Olímpicos de 2016 sobre a poluição e o compromisso que foi fechado de despoluir em 100% a Baía de Guanabara".
 
Assim o medalhista olímpico e associado da Atletas pelo Brasil, Lars Grael, iniciou a conversa sobre a matéria publicada no jornal norte-americano The New York Times do último domingo (18), com severas críticas à raia olímpica em depoimento do velejador austríaco Nico Delle Karth e o alerta logo no título: "Nota aos velejadores olímpicos no Rio: não encostem na água".
 
"Sabíamos que a total despoluição da Baía não aconteceria. Com o passar do tempo, falaram em 80%. Agora, já se fala em 60%. Claro que podemos observar que há obras em curso e elas podem até proporcionar uma melhora e modificar o atual quadro, mas é algo muito pequeno", afirma Lars, que já foi membro do Conselho Fundador da Agência Mundial Antidoping (WADA) e exerceu cargos públicos, como de Secretário Nacional de Esportes.
 
Segundo o medalhista olímpico, apenas o recolhimento do lixo das águas da Baía de Guanabara não é uma solução para o problema. "A ação é paliativa. Muito pouco diante da real situação. A Baía está extremamente poluída e vínhamos alertando sobre isso há tempos. Porém, só estão empurrando o problema para frente", conta.
 
Lars quer deixar claro que não está apenas criticando. "Sugerimos algumas medidas. A nossa posição é de antecipar um desgaste, que inclusive já está acontecendo. Temos de unir todos os envolvidos para amenizar a poluição. Qualquer avanço é válido, porque ficará também como um legado das Olimpíadas no País. Temos que encarar o problema de frente".
 
Momento de decisão - Alguns atletas experientes na modalidade, como Lars, apresentam a utilização de Búzios como alternativa para as disputas da vela nos Jogos. "O local tem ótimas condições de mar e vento para a prática da vela. A maior dificuldade talvez seria o fato de que Búzios não tem marina, porém, a Baía de Guanabara também não. Ou seja, em qualquer um dos lugares teriam que ser feitas obras para isso", sugere.
 
Mas existe um complicador, de acordo com o associado da Atletas pelo Brasil. O fato de que o momento de se tomar a decisão e mudar o local já teria passado. "A maioria das equipes que vem ao Rio já definiu suas bases, já está realizando estudos técnicos sobre a Baía de Guanabara. Mudar tudo agora ficaria bem complicado, seria radical, mas negar o problema é ainda mais radical e a pior solução", salienta.
 
Exagero estrangeiro - Sobre o depoimento do austríaco ao The New York Times e de outros atletas em outras matérias na imprensa internacional, Lars afirma que vê certo exagero. "Concordo que as águas da Baía de Guanabara estão poluídas, com forte odor e repletas de objetos. Mas é exagero dizer que não se pode encostar na água. Até hoje não tivemos nenhum registro de algum velejador que tenha sido contaminado".
 
"Estamos querendo contribuir, com base em nossa experiência e com conhecimento de causa. Temos que fechar um pacto com compromisso de metas para melhorar a Baía de Guanabara, manter o foco e oferecer algum legado para o País", conclui Lars.
 

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