Martine e Kahena conquistam ouro inédito e colocam nomes na história do esporte
Rio de Janeiro - Martine Grael e Kahena Kunze chegaram para as Olimpíadas do Rio cotadas para uma medalha, afinal haviam sido campeãs mundiais em 2014, na classe 49er FX. Depois de conseguir manter a estabilidade nas primeiras onze regatas, as brasileiras entraram na medal race praticamente empatadas com três conjuntos (Espanha, Dinamara e Nova Zelândia), dependendo apenas do resultado delas para subir ao pódio e fazer história na vela brasileira.
O Brasil, que tinha apenas uma mulher medalhista olímpica na vela, Isabel Swan (bronze), em Pequim 2008, viu Martine e Kahena escreverem seus nomes na narrativa do esporte brasileiro ao se tornarem as primeiras campeãs olímpicas da modalidade por aqui.
E quem esteve no Aterro do Flamengo para acompanhar este feito - sejam os que pagaram para ficar em frente à linha de chegada ou os que encontraram um lugar na praia, fora da estrutura oficial, para acompanhar a vela -, precisou passar por um verdadeiro teste cardíaco.
Para quem pensa que a vela não é emocionante, o esporte deu nesta quinta-feira um show de ultrapassagens, tática e muito sangue frio. As decisões das brasileiras, sobretudo uma na quarta perna, de contornar a bóia no lado oposto ao de suas adversárias, foram o que fizeram delas campeãs olímpicas. Eufóricas, elas explicaram à imprensa como isso ocorreu.
"A gente usou uma estratégia diferente das neozelandesas, optou por ir pelo outro lado da raia, e deu certo, no último contravento a gente passou as duas. A gente partiu para o ouro e na hora de chegar na linha foi emocionante, até não conseguia nadar, de tanto que meu coração estava batendo", relembra Kahena.
Martine confessou que a dupla vinha acompanhando as provas nos outros dias, para estudar a direção do vento. "A gente estava assistindo todas as regatas que tiveram aqui antes. E a gente viu que estava bem aberto o vento nos dois lados. E aí na quarta perna a gente cantou a bóia indo para a esquerda e a galera toda indo para a direita. Aí no último contravento a gente foi com tudo para a esquerda e deu certo", emenda a filha do bicampeão olímpico Torben Grael.
"Foi uma decisão difícil, na hora, porque a gente resolveu ir sozinha para um lado e abandonou nossas concorrentes do outro. Mas acho que foi a única chance que a gente teve para passar as duas, senão a gente ia montar atrás delas e elas dominariam a gente", avalia Kahena.
Difícil ou não, foi justamente no final que as brasileiras conseguiram a ultrapassagem que lhes valeria a medalha de ouro, deixando as neozelandesas para trás, com o bronze, e as dinamarquesas na terceira posição. As espanholas, que vinham bem até então, não fizeram uma boa regata e terminaram na sétima posição (quarta no geral).
"Aqui é nosso jardim, eu comecei a velejar aqui, a Martine também. E quando a gente começou a regata a gente falou: ‘vai ser mais um treino’", conta Kahena. "Minha família está muito orgulhosa. Meus pais sempre velejavam. Eles me olham babando. Eu espero influenciar jovens, porque a vela é um pouco apagada no Brasil. Eu espero que o nosso esporte se torne um pouco mais popular", finaliza a campeã olímpica de apenas 25 anos.
As provas de vela acabaram nesta quinta-feira na Rio 2016. Fernanda Oliveira e Ana Luiza Barbachan, que disputavam a classe 470, terminaram na oitava colocação geral.
Veja Também: