Pais corujas acompanham de perto ação dos filhos no Brasileiro de Optimist

Pais com binóculos  / Foto: Sidney Bloch/ZDL

São Paulo - O Brasileiro de Optimist 2013 pode ser apontado como o maior evento nacional de vela. Com 130 velejadores participando e mais de 1.000 pessoas envolvidas, o campeonato realizado no Yacht Club de Santo Amaro (YCSA) é também mais uma oportunidade de integração entre pais e filhos durante as férias escolares. 
 
Enquanto os atletas mirins participam de regatas na Represa do Guarapiranga, os familiares arrumam um jeito para assistir os pequenos nas provas. Binóculos, câmeras fotográficas e filmadoras são usados para conseguir, mesmo que de longe, um contato visual. O ritual é sempre o mesmo: dicas de incentivo antes de entrar na água e elogios na chegada ao píer, mesmo que o desempenho não tenha sido lá essas coisas. 
 
"O Optimist é uma classe que depende totalmente dos pais. Se eles não abraçam a categoria, trazendo barcos, apoiando e organizando as viagens, nada disso poderia ocorrer. Por isso, o YCSA montou uma estrutura especial para que as famílias também se divirtam. Tenda de massagens, local privilegiado para ver as regatas, restaurante, passeios nos dias livres e outras atividades dão conforto a todos", contou Marcos Biekarck, coordenador de vela do YCSA e organizador do Brasileiro.
 
Os atletas de 9 a 14 anos que participam do evento principal da categoria são de diferentes estados. São sete ao todo e mais o Distrito Federal. A maior flotilha é do Rio de Janeiro, com 38 atletas. São Paulo, que sedia o campeonato, conta com 30 mirins. Na sequência aparecem Bahia (16), Rio Grande do Sul (14), Paraná (11), Pernambuco e Brasília (9 cada) e Santa Catarina (3).
 
Para acompanhar a filha Mayara Chew Marinho, Cintia Regina veio de Brasília toda equipada a São Paulo para não perder nenhum detalhe da competição. Habituada ao calor do Centro-Oeste, a mãe coruja não foi pega de surpresa pelo tempo instável na capital paulista. Com roupa de tempo, ela não sai da beira da Represa do Guarapiranga mesmo com chuva. Vale tudo para ver a pequena de 12 anos, que faz sua estreia em Brasileiros. "É uma experiência muito interessante correr fora da capital. Eu acompanho a minha pequena para todos os locais. Sempre estou com câmera e binóculo para ver as regatas. Estou atenta, mas não dou palpite na parte técnica. Deixo para o treinador", explicou Cintia Regina Chew.
 
Os pais do Rio de Janeiro são a maioria no Yacht Club de Ilhabela. A flotilha fluminense é a mais completa e reúne basicamente atletas da capital e de Niterói. Para saber sobre a atuação do filho Bernardo Souza Tostes (Iate Clube do Rio de Janeiro), o pai Guilherme é figura carimbada na sala de controle. É de lá que saem as informações sobre as regatas, como classificação, duração de regatas e protestos. "Ou os pais estão ao lado nos barcos, o que normalmente os filhos não gostam, ou acompanham o filho em terra roendo as unhas. Não tem como saber a colocação de longe", brincou Guilherme Tostes. "O mais importante são os valores e tudo de bom que o esporte leva para a educação de uma criança. Ver que o filho tem um meta a cumprir não tem preço. O Bernardo fez um planejamento, treinou e teve disciplina para estar aqui. É um orgulho", contou. 
 
O maior campeão olímpico do Brasil, Robert Scheidt, também teve um apoio especial dos pais, principalmente de Fritz Scheidt, que várias vezes acompanhou o pupilo em eventos como o Brasileiro de Optimist. "Eu era igualzinho. Os pais precisam acompanhar e incentivar. A única coisa que não pode é cobrar e exigir que traga resultados. Isso só prejudica e faz a criança a desistir de velejar," explicou o pai do multicampeão que está disputando o Brasileiro de Laser, em Porto Alegre. 
 
Neste domingo (20) nublado na Represa do Guarapiranga ocorreram mais três regatas do Brasileiro de Optimist, que tem patrocínio do Sistema ANGLO de Ensino - Abril Educação. Serão 12 ao todo e apenas um descarte, segundo o regulamento. Divididas em duas flotilhas (amarela e vermelha), as crianças pegaram ventos variando de 6 a 15 nós e temperatura máxima de 28 graus. Novamente a chuva deu as caras em alguns momentos. O melhor da tabela é o gaúcho Gabriel Camargo (Veleiros do Sul). O atleta de 12 anos tirou 8º, 2º e 11º nas provas e segue líder. "É a metade do campeonato e o descarte eu já usei. Espero seguir bem nas regatas. Está dando certo", contou o tímido Gabriel, que vestia uma camisa do Grêmio. 
 
O treinador dele, Geison Mendes, deu a receita para o garoto seguir na frente. "É preciso ter pés no chão e não se afobar. O campeonato tem apenas um descarte e fazer média é fundamental. Para o dia seguinte a estratégia será a mesma". 
 
Nesta segunda (21) estão programadas mais três regatas na Represa do Guarapiranga a partir das 12h. E à noite terá uma festa com música para a garotada, aproveitando que o dia seguinte será folga geral. Na quarta-feira (23), os garotos e garotas participam das provas por equipes, uma espécie de mata-mata do futebol. 
 
O Optimist - Além de ser um barco de iniciação à vela e de excelente custo benefício, o formato impede velocidades elevadas, garantindo, assim, a segurança do Optimist. O veleiro suporta até 60 quilos e pode ser conduzido por pequenos de 7 a 15 anos. O nome, traduzido do inglês, quer dizer otimista. 
 
A história do Optimist começou em 1947, na cidade de Clear Water, nos Estados Unidos. E a categoria surgiu de uma mera casualidade. Os jovens norte-americanos, que liam bastante a revista Mecânica Popular, resolveram pegar caixas de sabão e colocar rodas e velas. Os vizinhos reclamaram da algazarra, principalmente pela velocidade que o pequeno veículo tomava as ruas, e o prefeito local encontrou uma forma para agradar a todos. Coube ao projetista Clark Mills desenhar um modelo especial para uso apenas na água, sem a bagunça pelas vias da cidade.
 
A partir daí, o processo ficou acelerado e saiu de Clear Water para ganhar o mundo. Na Dinamarca, o engenheiro naval Axel Damgaard ficou sabendo da ideia e aprimorou o barco, espalhando, assim, a classe por toda a Europa. Em 1960, por exemplo, só na Dinamarca mais de 2 mil Optimist competiam. Hoje, a organização que cuida da categoria mundialmente estima que mais de 150 mil crianças tenham um modelo. No Brasil, os primeiros campeões na década de 1970 foram: Eduardo Melchert (Yacht Club Santo Amaro) e Marcelo Maia (ICB).
 
Ficha técnica do Optimist:
 
Comprimento total: 2,34m
Largura: 1,13 m
Deslocamento: 35 quilos
Área vélica: 3,25m²
 
 

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