Segurança é prioridade para Beto Pandiani

Barco está sendo montado / Foto: Maristela Colucci

São Paulo - As 4.000 milhas náuticas (7.410 quilômetros) que separam a Cidade do Cabo, na África do Sul, e Ilhabela, no Brasil, revelam uma distância assustadora para vencer em um veleiro. 
 
Na Travessia do Atlântico, próxima expedição de Beto Pandiani e Igor Bely, ela será ainda será maior, porque o catamarã sem cabine terá de fazer uma parábola para evitar uma região de condições meteorológicas adversas. No total serão 5.000 milhas náuticas (9.260 quilômetros). Por isso, o barco Picolé ganha reforço em território africano antes de partir.
 
A equipe de terra trabalha a todo vapor para a largada, que está prevista para a próxima semana. E a ordem número um é garantir segurança da dupla, que passará 30 dias ininterruptos com ventos médios de 25 nós. "O Picolé está no hospital recebendo todos os cuidados. O berço cinza, onde vai a travessa, foi reforçado por fora e por dentro. Várias camadas de carbono foram laminadas dentro do casco. Só vamos sair daqui quando nos sentirmos seguros", garante Beto Pandiani.
 
Na prática, o Picolé está quase pronto, mas Beto Pandiani e sua equipe cuidam da instalação da parte elétrica, configuração dos eletrônicos e ajustes de velas. Mesmo ‘evitando’ zonas de tempo ruim, o veleiro sofrerá com os fortes ventos e frio nessa parte do planeta. Na parte inicial, a dupla navegará por uma rota na costa da África do Sul e da Namíbia, conhecida como "Costa dos Esqueletos", em função do grande número de naufrágios de navios que foram parar nas areias do litoral, um dos locais mais inóspitos do mundo.
 
"O nosso maior desafio será a primeira semana. O regime de ventos nessa ponta do planeta é muito forte e, além disso, as ondas são imensas. Outro agravante é o intenso tráfego de navios. As embarcações passam pelo extremo sul do continente e depois sobem para a Europa. Depois dos setes dias, a nossa preocupação deve ser com o desgaste do barco. É normal ocorrer a fadiga dos materiais. Temos que superar também o desgaste físico dos primeiros dias e o medo", explicou Pandiani.
 
O barco - O Picolé tem 24 pés (oito metros) e é feito todo em carbono para suportar condições adversas. O veleiro de dois cascos foi construído no estaleiro alemão Eaglecat. O modelo é adaptado às experiências de viagem dadupla e é híbrido, ou seja, não existe outro igual no mundo.
 
Betão Pandiani e suas aventuras - Desde 1993, velejar deixou de ser um hobby para se tornar profissão na vida de Beto Pandiani. A partir disso, o velejador tem colecionado aventuras incríveis e histórias inesquecíveis, enfrentando marés, tempestades e outras adversidades para chegar ao destino final.
 
Em 1994, Betão organizou sua primeira expedição, que foi chamada de "Entre Trópicos". Ele zarpou de Miami para a Ilhabela em 289 dias no mar. Em 2000 foi a vez da "Rota Austral", partindo do Chile, cruzando o Cabo Horn - ponto alto da expedição - até a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, em 170 dias. A "Travessia do Drake", em 2003, saiu de Ushuaia e cruzou a passagem entre a América do Sul e a Antártica. Foram 45 dias que deram a Beto Pandiani e Duncan Ross, seu parceiro de viagem, o título de primeiros velejadores a chegar à Península Antártica em um barco sem cabine.
 
Em 2004 foi a vez de ir da Flórida à Nova Iorque, na regata Atlantic 1000, a mais longa prova para catamarãs do planeta. O resultado foi acima do esperado: um segundo lugar na competição. Já em 2005, na "Rota Boreal", foram três meses velejando de Nova Iorque até Sisimiut, na Groenlândia, enfrentando as terríveis condições climáticas polares. Entre 2007 e 2008, junto com Igor Bely, Beto Pandiani atravessou o Oceano Pacífico, partindo do Chile e chegando à Austrália. Foram 17 mil quilômetros percorridos, muitas semanas sem ver terra e mais um título: o de primeiros velejadores do mundo a cruzar o Pacífico Sul em um barco sem cabine.
 

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