Travessia do Atlântico deve começar na terça-feira

Barco de Betão Pandiani / Foto: Maristela Colucci

São Paulo - O primeiro contato do barco Picolé, que levará Beto Pandiani e Igor Bely para a Travessia do Atlântico, com o mar encheu a dupla de expectativa e confiança para a aventura. O teste foi realizado nesta quinta-feira (14) no local da partida. Mesmo com muito trabalho a fazer na África do Sul, incluindo testes nas novíssimas velas do catamarã sem cabine, a previsão para a largada é terça-feira (19).
 
Os dois saem da África para mais de 30 dias ininterruptos de velejada pelo Oceano Atlântico até chegar em Ilhabela, no litoral norte paulista. Os desafios da viagem são enormes, a começar pela distância: 4.000 milhas náuticas (7.800 quilômetros). Os ventos também devem ser fortes no percurso, média de 25 nós, o que deve exigir mais do veleiro Picolé, construído exclusivamente para a expedição. Por isso, Betão e seu parceiro acreditam que os treinos e as avaliações iniciais, ainda em águas africanas, são fundamentais para o sucesso.
 
O experiente velejador falou sobre as primeiras impressões sobre o catamarã no mar: "A minha maior curiosidade com o Picolé era com o leme, pois ele é a alma do barco. Felizmente estava leve. O barco não ficou tão leve como o esperado, mas navegou gostoso. Está mais alto em relação a água, ou seja, esperamos velejar mais secos. A vela balão assimétrica não foi usada, pois esta na veleria sofrendo uma pequena adaptação e chega neste sábado (16). Só então vamos saber."
 
"Por serem novas, ainda foi difícil levantar as velas até o topo. Se continuarem assim, vamos chegar muito fortes no Brasil. Na primeira velejada do Picolé, o vento estava fraco como deveria ser na primeira vez. Mar liso, Sol quente e água gelada de 12 graus", disse Beto Pandiani.
 
A música Águas de março, de Tom Jobim e Elis Regina, foi a trilha sonora da estreia do Picolé, após dois anos de projeto. O barco tem 24 pés (oito metros) e é feito todo em carbono para suportar condições adversas. O pequeno veleiro de dois cascos foi construído no estaleiro alemão Eaglecat. O modelo é adaptado às experiências de viagem da dupla e é híbrido, ou seja, não existe outro igual no mundo.
 
"Os barcos modernos, em fibra de carbono, são basicamente feitos de fios. Tudo em um barco a vela é isso. Claro, combinado com resina, espuma, e algumas peças de aço. Mas tem outras coisas que precisam acontecer para um barco como este ir para a água. Foram quase dois anos de reuniões, milhares de e-mails, consultas, projetos, centenas de visitas, horas e horas de tráfego em São Paulo, centenas de estacionamentos caríssimos, noites e noites imaginando, envolvimento de várias pessoas, doações de amigos, parceria com empresas, boa alimentação, firmeza emocional, muita força interna e, sobretudo, não ter medo que tudo dê errado. Pois bem, no dia da primeira velejada tudo isso convergiu."
 
A primeira velejada do Picolé foi ainda mais especial por causa das companhias de peso. "Mais de 15 baleias francas austral vieram brincar e, a cada minuto, uma levantava mostrando seu dorso ou mergulhando e exibindo sua calda. Já no fim da velejada, uma delas veio em direção ao Picolé e passou a dois metros do nosso barco. Foi lindo ver um animal daquele porte nadar tão suavemente e pertinho de nós", recordou Betão Pandiani. "A vontade era de pular na água e abraçar a baleia. O Picolé começou bem a sua vida no mar, já logo fazendo amigos. Temos muito a navegar juntos, e esperamos vivenciar muitas coisas durante a viagem".
 
Perfil de Beto Pandiani - Brasileiro, 55 anos, formado em administração na Puc-SP - O santista Roberto Pandiani, há 18 anos realiza expedições de alta performance pelos mais temidos mares do mundo a bordo de catamarãs sem cabine. Filho do também velejador italiano Corrado Pandiani, conquistou prêmios nacionais, internacionais e coleciona marcas vitoriosos na história da vela mundial. A primeira virada na carreira profissional foi deixar um estágio na Pirelli, quando cursava administração na Puc-SP. Depois, atuou como empresário do entretenimento. Durante os anos 1980 e 90, Pandiani foi proprietário de diversas casas noturnas que badalaram as noites paulistanas: Singapura, Aeroanta, Clube Base, Olivia e Mr. Fish, entre outros negócios.
 
No final dos anos 1990, deixou o ramo do entretenimento para assumir a vela como profissão e negócio, passando a trabalhar exclusivamente com o esporte que é a paixão de sua vida. As expedições de Roberto Pandiani originaram cinco títulos pela Editora Terra Virgem: "Entre Trópicos", "Rota Austral", "Travessia do Drake", "Rota Boreal", "Travessia do Pacífico" e um livro de histórias: "O mar é minha Terra", pela Editora Grão. Atualmente tem ministrado palestras sobre planejamento, gerenciamento de risco, superação de resultados e trabalho em equipe para grandes empresas, entre elas Caloi, Credicard, Reebook, USP, Bank Boston, Atos Origin Brasil, Unibanco, Citibank, Votorantim, Medial Saúde, Cia Vale do Rio Doce, Novartis, Banco Itaú e HSBC.
 
Perfil de Igor Bely - Francês, 29 anos, formado em engenharia mecânica em Lyon, França - Nascido na Ilha da Reunião, no Oceano Índico, Igor viveu seus primeiros 18 anos a bordo do veleiro de seus pais, Sophie e Oleg Bely, conhecendo parte do mundo e aprendendo quatro línguas, que hoje fala fluentemente: francês, português, inglês e espanhol. Fez sua primeira viagem à Antártica com 2 anos de idade e aos 3 anos foi personagem da reportagem de TV "Igor na Antártica", realizada pela então Rede Manchete.
 
Com mais de 200 mil milhas (400 mil km) navegadas, tem em sua trajetória mais de 20 expedições à Antártica e a regiões polares como Groenlândia, Labrador, Geórgia do Sul, Alaska e Cabo Horn. Participou como apoio de duas expedições polares do velejador Roberto Pandiani (Travessia do Drake e Rota Boreal) e foi também foi velejador na Travessia do Pacifico.
 

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